a nossa pátria sem destino
com seus foguetes racistas, excludentes
meninos brancos que não sabem
a dor dos pobres e doentes
no cu do mundo
franco e depravado cu do mundo
onde os traficantes sorriem, mandam, matam e nenhum verso romântico
há de prosperar
a revolução não vai ser televisionada:
ela viverá quando a legião urbana
tomar as ruas das cidades
quase sem querer
e seremos libertos a ponto de vivermos nossos amores
muito além do livro dos nossos dias
a legião urbana vai carregar as multidões para muito além do futebol e do carnaval
e os jovens serão tudo: canto, beleza e futuro
@pauloandel
Translate
Friday, October 31, 2014
o milk shake, o menininho e a sociedade
Tomávamos milk shake de Ovomaltine por volta das seis e meia da tarde no Bob’s da praça Saens Peña, sentados no banco com estofado vermelho e confortável, quando surgiu um menininho de seus dez anos ou menos.
Baixinho, magro, cabelos pretos, olhar meio triste de quem deveria estar brincando ou descansando em casa àquela hora, num lugar confortável que toda criança merece.
Vendia drops Hall’s.
Perguntei o preço. Dois reais cada. Falei que estava caro.
Comprei cinco.
“Caramba, moço, você me ajudou muito.”
“Valeu, garoto. Um abraço.”
Ele sorriu. Estava feliz. Os dez reais que conseguiu podem ter significado a janta. A diferença entre a fome e a saciedade.
O menino nem tinha ideia dos problemas que passo, das minhas dívidas, de tudo. E foi muito melhor assim.
Ele pode ter se iludido com a impressão de que eu fosse um rico de pequena generosidade e isso basta.
Melhor do que ler barbaridades defendidas por alguns ricos, como aquela de pena de morte para o garoto amarrado no poste – ontem, os justiceiros foram presos no Flamengo: eram traficantes armados de classe média alta.
Terminamos o milk shake no caminho, apressados para o compromisso pessoal.
Um menino brasileiro, sofrido, trabalhador, vibrando porque conseguiu vender dez reais em balas.
Um retrato espalhado pelo Brasil inteiro, esse mesmo que ainda tem mazelas demais e as lutas para distribuir renda. Dizem ser o Bolsa Família um programa de vagabundos, mas cerca de 70% de seus beneficiados trabalham – apenas não conseguem ter a renda mínima para sobrevivência.
Enquanto isso, o Brasil restitui aos contribuintes cerca de R$ 14 bilhões neste 2014. Não tive notícias de que qualquer restituído tivesse sido acusado de vagabundagem.
Eu continuo pensando na pequena grande alegria que dei ao menino ajudando-o.
Queria ter mil ou dois mil reais sobrando para lhe dar.
Não tenho. Sou pobre.
Eu já fui um menino que contava moedas, mas para comprar botões para brincar.
Sempre serei grato a meus pais que, mesmo sob dificuldades, fizeram tudo para que eu chegasse até aqui.
Choro.
@pauloandel
Saturday, October 25, 2014
enquanto
desperdiçar a cor, o dia
a tarde calma
mentir, agredir, vociferar
a ignorância vã
e tudo perde o sentido
quando é preciso dizer adeus
a morte sorri
e as lágrimas são preces
enquanto brigam, humilham
assediam
a dor do amor numa lápide
faz escorrer qualquer lógica
enquanto as pessoas permanecem
ocupadas em grandes projetos
negócios importantes, fama
imponência
o mundo implode frente a um menininho
mendigo
a dor, a fome, a incompreensão
e a sofisticação cai de joelhos
diante do nunca mais
rancorosos, estúpidos
deslumbrados
até o dia em que nos vemos de verdade:
o nada sobre o nada
mas nem isso faz desaparecer
a soberba que virá
nas novas poses e posses
na ostentação cafona:
qual o sentido do mundo
diante de alguém que segura a mão
de seu amor
depois da morte?
@pauloandel
a tarde calma
mentir, agredir, vociferar
a ignorância vã
e tudo perde o sentido
quando é preciso dizer adeus
a morte sorri
e as lágrimas são preces
enquanto brigam, humilham
assediam
a dor do amor numa lápide
faz escorrer qualquer lógica
enquanto as pessoas permanecem
ocupadas em grandes projetos
negócios importantes, fama
imponência
o mundo implode frente a um menininho
mendigo
a dor, a fome, a incompreensão
e a sofisticação cai de joelhos
diante do nunca mais
rancorosos, estúpidos
deslumbrados
até o dia em que nos vemos de verdade:
o nada sobre o nada
mas nem isso faz desaparecer
a soberba que virá
nas novas poses e posses
na ostentação cafona:
qual o sentido do mundo
diante de alguém que segura a mão
de seu amor
depois da morte?
@pauloandel
Friday, October 24, 2014
O golpismo de Veja e Globo x Brizola
Hoje, parte do Brasil acordou com a sensação imaginária do cheiro do sangue podre de cadáveres mutilados, decompostos, abandonados.
O sangue podre que se tornou o último resquício de vidas ceifadas criminosa e brutalmente pelos que entendiam ser os donos do Estado brasileiro.
A carne podre de corpos amontoados e destroçados, muitos deles no sanatório de Barbacena, espécie de Auschwitz mineira. Para lá, milhares e milhares de brasileiros foram enviados rumo à morte pelos motivos mais bárbaros e irracionais, especialmente a partir de 1964.
O sangue podre do golpismo ditatorial, intolerante com qualquer insucesso seu nas urnas. Sem vitória pela democracia, que o golpe prevaleça. Os fins justificam os meios torpes.
Numa atitude já esperada – mas não menos abominável por isso -, as corporações Globo e Veja tentam sustentar não apenas uma denúncia de corrupção, mas uma sórdida interferência no processo eleitoral brasileiro, tentando confundir os eleitores para que os dados das atuais pesquisas de opinião não se confirmem na votação do próximo domingo.
Pior: a criminosa defesa do impeachment da presidenta Dilma com base em acusações não comprovadas e que, também de forma criminosa, tem sido vazadas de forma leviana e irresponsável.
Engana-se quem pensa que as próximas horas serão apenas um debate entre esquerda e direita, com toda a elasticidade desses conceitos.
Trata-se de uma luta da legalidade contra o golpismo.
E dos interesses do país contra vantagens pessoais de saudosistas das capitanias hereditárias, ressaltando-se que este mesmo país tem mais de 200 milhões de habitantes, não se limitando a regiões locais como o Itaim Bibi, a Savassi ou o Baixo Leblon, menos ainda o famigerado Village Mall.
Ou de dilapidar os bilhões contidos no desenvolvimento da Petrobras, nos financiamentos habitacionais e estudantis da Caixa e do Banco do Brasil, nos mesmos moldes já denunciados amplamente por Amaury Ribeiro Jr., detentor de quatro prêmios Esso de jornalismo, em seu definitivo livro “A Privataria Tucana”.
Outra mentira contumaz é vender falsamente um novo cenário econômico num país que tem crescido, passado ao lardo de uma grande crise mundial, tendo gerado milhões de empregos na última década. A grande diferença de condução política entre PT e PSDB está em dois pilares essenciais: a prioridade do capital trabalhista sobre o especulativo e as politicas de emprego mais inclusão social, que definiram a mudança do perfil do Brasil em boa parte deste século XXI.
O que o consórcio Veja/Globo tentou impor hoje a milhões de brasileiros foi a sugestão da necessidade de um golpe, única forma de reconquistarem o poder e os financiamentos de outrora, quando foram lenientes com atrocidades praticadas pelo Estado brasileiro durante a ditadura cívico-militar 1964-1985.
Ou ainda na ascensão e queda de Fernando Collor, um período ainda sob sombras na história do Brasil.
Ou a anuência com a inacreditável aprovação da reeleição com o próprio presidente à época se beneficiando diretamente da mesma, sem precendentes no mundo democrático.
Hoje à noite, a Rede Globo tentará fazer a sua parte, a de sempre.
Um gênero, um time, uma elite.
Um gênero, um time, uma elite.
Não é mais uma disputa para os próximos quatro anos. Não há mais como editar debates.
Na verdade, trata-se de uma luta para impedir que 2015 retorne a 1964.
A luta para que o cheiro imaginário de sangue podre não se torne uma verdade ditatorial.
Desde sempre, Veja e Globo são inimigos do país, da democracia e da justiça social.
Desde sempre, Veja e Globo são inimigos do país, da democracia e da justiça social.
@pauloandel
Em memória de Leonel Brizola
Tuesday, October 21, 2014
as duas maiores bobagens das eleições 2014
Os dois momentos mais ridículos de todo o processo eleitoral 2014 aconteceram nas últimas 72 horas.
Primeiro, Energúmeno Constantino e sua obsessão mussolínica que beira à paixão mal resolvida, defendendo boicote a artistas que votam no PT. Típico de um sujeito sem noção de tempo e espaço, imaginando que sua borra jornalística possa ser capaz de encobrir o trabalho de pessoas como Chico Buarque, Zeca Baleiro, Dona Ivone Lara, José de Abreu e outros.
Seria algo tão idiota quanto boicotar o trabalho de Fagner por votar no PSDB.
Um pretensionismo infantilizado e desprovido de racionalidade, que só poderia ser publicado na ex-revista que lhe acolhe.
A imposição cultural é típica de regimes ditatoriais; portanto, não cabe no Brasil de hoje.
Segundo, o chilique que eleitores de Aécio estão dando com os resultados das pesquisas divulgadas ontem.
"O PT comprou o Datafolha"...
Quando os resultados lhes eram favoráveis, riam e comemoravam. Agora, dão ataques de histeria.
Antes, a pesquisa era comprada?
Por motivos óbvios, o grupo Folha tem simpatia declarada pela eleição do 45; há um claro conflito de interesses no mercado de pesquisas de opinião no Brasil (e, infelizmente, muito mais). "O PT comprou o Datafolha"... Marina Silva tinha comprado também no primeiro turno? Diria meu grande amigo: "É muita vontade de acreditar..."
Poderia falar aqui muitas coisas sobre um assunto que estudo há 26 anos, mas prefiro ser breve: pesquisa de intenção de voto não é ciência exata. Ponto.
Primeiro, Energúmeno Constantino e sua obsessão mussolínica que beira à paixão mal resolvida, defendendo boicote a artistas que votam no PT. Típico de um sujeito sem noção de tempo e espaço, imaginando que sua borra jornalística possa ser capaz de encobrir o trabalho de pessoas como Chico Buarque, Zeca Baleiro, Dona Ivone Lara, José de Abreu e outros.
Seria algo tão idiota quanto boicotar o trabalho de Fagner por votar no PSDB.
Um pretensionismo infantilizado e desprovido de racionalidade, que só poderia ser publicado na ex-revista que lhe acolhe.
A imposição cultural é típica de regimes ditatoriais; portanto, não cabe no Brasil de hoje.
Segundo, o chilique que eleitores de Aécio estão dando com os resultados das pesquisas divulgadas ontem.
"O PT comprou o Datafolha"...
Quando os resultados lhes eram favoráveis, riam e comemoravam. Agora, dão ataques de histeria.
Antes, a pesquisa era comprada?
Por motivos óbvios, o grupo Folha tem simpatia declarada pela eleição do 45; há um claro conflito de interesses no mercado de pesquisas de opinião no Brasil (e, infelizmente, muito mais). "O PT comprou o Datafolha"... Marina Silva tinha comprado também no primeiro turno? Diria meu grande amigo: "É muita vontade de acreditar..."
Poderia falar aqui muitas coisas sobre um assunto que estudo há 26 anos, mas prefiro ser breve: pesquisa de intenção de voto não é ciência exata. Ponto.
Sunday, October 19, 2014
aleluia
aleluia
uma criança dorme em seu berço esplêndido
depois de farta refeição
sem culpa pelas outras crianças
que sofrem, sofrem
debaixo das marquises
numa noite de chuva
aleluia, aleluia
irmãos distantes finalmente se abraçam
amores impossíveis contam esparsas possibilidades
de serem verdade
a doce e improvável verdade
as câmeras gravam tudo:
banalidades, acontecimentos
escândalos, excentricidades
aleluia
os jovens solitários choram seus mortos num dia de finados
e lápides floridas
as canções tristes são licores
pessoas querem ter posses
e o centro da cidade vive seus míseros arrastões
gente assustada nos restaurantes
nas agências bancárias
e homens importantes quase pisam nas pernas em carne viva
de um mendigo ferido
na antiga avenida central
aleluia
aleluia
agora chora-se o passado
os amigos desaparecidos
as bandeiras e bumbos recolhidos
os bálsamos de samba e bossa - para que chorar? o futuro é o fim
nossas pequenas chamas queimando sem sentido
até a hora em que o vento ligeiro
as cala
queimando, queimando
enquanto a noite nublada de copacabana abraça seus carros de sexo
os miseráveis e as drogas destruidoras
- o futuro é o fim! nossa arrogância é ridícula!
- ansiamos pela nossa importância ridícula!
aleluia, aleluia
as procissões de estranhos ao fim da tarde com seus trens lotados
trabalhadores sofridos
gente por demais cansada
o subúrbio é uma namorada
linda, distante, à ribalta
e os corações perdidos nunca vão se encontrar
mas ainda temos lágrimas de esperança - por elas, navegamos o romance de uma pátria rediviva
com justiça, amizade e solidariedade
lágrimas nas janelas fechadas
nas ruas de cheiro triste
desprezadas diante das calçadas de praia que oferecem
o mar de azul, o infinito, a melancolia
e tudo se resume num mundo
que jamais compreenderemos
oh, aleluia
aleluia
aleluia
@pauloandel
uma criança dorme em seu berço esplêndido
depois de farta refeição
sem culpa pelas outras crianças
que sofrem, sofrem
debaixo das marquises
numa noite de chuva
aleluia, aleluia
irmãos distantes finalmente se abraçam
amores impossíveis contam esparsas possibilidades
de serem verdade
a doce e improvável verdade
as câmeras gravam tudo:
banalidades, acontecimentos
escândalos, excentricidades
aleluia
os jovens solitários choram seus mortos num dia de finados
e lápides floridas
as canções tristes são licores
pessoas querem ter posses
e o centro da cidade vive seus míseros arrastões
gente assustada nos restaurantes
nas agências bancárias
e homens importantes quase pisam nas pernas em carne viva
de um mendigo ferido
na antiga avenida central
aleluia
aleluia
agora chora-se o passado
os amigos desaparecidos
as bandeiras e bumbos recolhidos
os bálsamos de samba e bossa - para que chorar? o futuro é o fim
nossas pequenas chamas queimando sem sentido
até a hora em que o vento ligeiro
as cala
queimando, queimando
enquanto a noite nublada de copacabana abraça seus carros de sexo
os miseráveis e as drogas destruidoras
- o futuro é o fim! nossa arrogância é ridícula!
- ansiamos pela nossa importância ridícula!
aleluia, aleluia
as procissões de estranhos ao fim da tarde com seus trens lotados
trabalhadores sofridos
gente por demais cansada
o subúrbio é uma namorada
linda, distante, à ribalta
e os corações perdidos nunca vão se encontrar
mas ainda temos lágrimas de esperança - por elas, navegamos o romance de uma pátria rediviva
com justiça, amizade e solidariedade
lágrimas nas janelas fechadas
nas ruas de cheiro triste
desprezadas diante das calçadas de praia que oferecem
o mar de azul, o infinito, a melancolia
e tudo se resume num mundo
que jamais compreenderemos
oh, aleluia
aleluia
aleluia
@pauloandel
Friday, October 17, 2014
veias de asfalto
o cheiro das canções da rua triste
numa cidade maravilhosa
nem as mais belas águas aliviam
a dor cravejada entre as pedras portuguesas da calçada
oh, somos importantes demais!
formiguinhas diante das grandes corporações de aço, pedra,
frieza e o grande capital
as pessoas sofrendo nas macas
ou sob marquises, tanto faz
os senhores da verdade não se importam
com seus narizes empinados
o tom professoral e um indisfarçável
pedantismo oco, sujo, fétido
ao menos há humildes transeuntes
carregando amendoins, churrasquinhos, cachorro quente
numa estação central
ou rindo e conversando futebol
uma cerveja refrescante
ainda que quase ninguém ligue quando um mendigo
dança o ballet da morte
as crianças entorpecidas
sorvendo a droga da morte
em frente a um prédio milionário
ah, dor, tristeza!
o desamor é o sangue a correr nas veias de asfalto e terra
enquanto esperamos o jogo, o domingo
a próxima novela
a grande manchete manipulada
- a biblioteca está cheia de silêncio!
- por que perder tempo com bobagens?
a cidade e suas canções tristes, sexo barato e paixões condenadas à prisão perpétua:
somos imortais de merda!
não temos coragem de encarar o ridículo que nos traz existência
enquanto um idiota vai se vangloriar de posses porque nada tem a dizer.
a cidade e seu vazio:
partida, incompreensiva
e sedenta por migalhinhas
a cidade de finos traços e o cheiro descomunal das reticências
@pauloandel
numa cidade maravilhosa
nem as mais belas águas aliviam
a dor cravejada entre as pedras portuguesas da calçada
oh, somos importantes demais!
formiguinhas diante das grandes corporações de aço, pedra,
frieza e o grande capital
as pessoas sofrendo nas macas
ou sob marquises, tanto faz
os senhores da verdade não se importam
com seus narizes empinados
o tom professoral e um indisfarçável
pedantismo oco, sujo, fétido
ao menos há humildes transeuntes
carregando amendoins, churrasquinhos, cachorro quente
numa estação central
ou rindo e conversando futebol
uma cerveja refrescante
ainda que quase ninguém ligue quando um mendigo
dança o ballet da morte
as crianças entorpecidas
sorvendo a droga da morte
em frente a um prédio milionário
ah, dor, tristeza!
o desamor é o sangue a correr nas veias de asfalto e terra
enquanto esperamos o jogo, o domingo
a próxima novela
a grande manchete manipulada
- a biblioteca está cheia de silêncio!
- por que perder tempo com bobagens?
a cidade e suas canções tristes, sexo barato e paixões condenadas à prisão perpétua:
somos imortais de merda!
não temos coragem de encarar o ridículo que nos traz existência
enquanto um idiota vai se vangloriar de posses porque nada tem a dizer.
a cidade e seu vazio:
partida, incompreensiva
e sedenta por migalhinhas
a cidade de finos traços e o cheiro descomunal das reticências
@pauloandel
Saturday, October 11, 2014
copacabana city blues
esta cidade cheia de esquinas
e meninas cheias de sonhos
em vão
tal como a vida que todos rejeitamos
os libertários e os reacionários dividem céu e areia, mar também
nas manhãs de domingo
e os meninos perdidos sem rumo em trilhas de crack
as senhorinhas infalíveis na igreja
enquanto outras sob o crivo do pastor
e lindas putas tristes veem novela numa barraquinha da praça do lido
a juventude não vai mais voltar
o que perdemos não retornará
mas ainda há vida, seja em risos ou o pranto da sensatez
nossas pequenas sacolas de compras faz-se admirável decadência
orgias no inferninho, na barra pesada, em prédios respeitados
e endereços conhecidos -
as irmãs nordestinas da l'uomo foram embora
os queridos bebuns do bar sniff deram o fora
a mendiga lina não lê mais o new york times em voz alta na tenreiro aranha
onde mora renatinha?
e a casa de buja, onde fica?
a turma da ladeira agora vê pay per view
os meninos do copaville moram longe, longe
sem qualquer estação
senhoras de classe e seus waffles no cirandinha
quem descobriu o segredo sagrado de mister éter?
nenhuma aída curi?
uma jovem empregada doméstica deixou seu filho, desesperada
sob os cuidados da rica médica no igrejinha
e somos tão moralistas
moralistas demais: votamos nas marchas de deus, nos choques de ordem e tudo voa solto
feito a fumaça libertadora de maconha
perto da trave do juventus na madrugada
os travestis fazem a vida, vivem, morrem, trazem risos e fazem gozar
enquanto generais de pijama ainda resistem e sobrevivem
os bares morrem no começo da noite e o baile funk faz a trilha da menina lourinha
que beija o peito de um traficante
a billboard morreu
a modern sound morreu
a suprema desapareceu
ninguém namora mais no rian ou no cinema 2
e tudo isso é lenda diante de cinco minutos de ar puro num banco do bairro peixoto:
o sol, as crianças, a primavera
copacabana e um solo de blues
há solidão, fracasso, morte mas punhados inesquecíveis de la dolce vita com alguns trocados
e o charme de um mundo secreto
que outra terra não tem:
a nossa deliciosa desordem tropical
@pauloandel
e meninas cheias de sonhos
em vão
tal como a vida que todos rejeitamos
os libertários e os reacionários dividem céu e areia, mar também
nas manhãs de domingo
e os meninos perdidos sem rumo em trilhas de crack
as senhorinhas infalíveis na igreja
enquanto outras sob o crivo do pastor
e lindas putas tristes veem novela numa barraquinha da praça do lido
a juventude não vai mais voltar
o que perdemos não retornará
mas ainda há vida, seja em risos ou o pranto da sensatez
nossas pequenas sacolas de compras faz-se admirável decadência
orgias no inferninho, na barra pesada, em prédios respeitados
e endereços conhecidos -
as irmãs nordestinas da l'uomo foram embora
os queridos bebuns do bar sniff deram o fora
a mendiga lina não lê mais o new york times em voz alta na tenreiro aranha
onde mora renatinha?
e a casa de buja, onde fica?
a turma da ladeira agora vê pay per view
os meninos do copaville moram longe, longe
sem qualquer estação
senhoras de classe e seus waffles no cirandinha
quem descobriu o segredo sagrado de mister éter?
nenhuma aída curi?
uma jovem empregada doméstica deixou seu filho, desesperada
sob os cuidados da rica médica no igrejinha
e somos tão moralistas
moralistas demais: votamos nas marchas de deus, nos choques de ordem e tudo voa solto
feito a fumaça libertadora de maconha
perto da trave do juventus na madrugada
os travestis fazem a vida, vivem, morrem, trazem risos e fazem gozar
enquanto generais de pijama ainda resistem e sobrevivem
os bares morrem no começo da noite e o baile funk faz a trilha da menina lourinha
que beija o peito de um traficante
a billboard morreu
a modern sound morreu
a suprema desapareceu
ninguém namora mais no rian ou no cinema 2
e tudo isso é lenda diante de cinco minutos de ar puro num banco do bairro peixoto:
o sol, as crianças, a primavera
copacabana e um solo de blues
há solidão, fracasso, morte mas punhados inesquecíveis de la dolce vita com alguns trocados
e o charme de um mundo secreto
que outra terra não tem:
a nossa deliciosa desordem tropical
@pauloandel
Friday, October 10, 2014
Eleições 2014: números mágicos
73
Números mágicos –
10/10/2014
Terminado o primeiro turno das
eleições presidenciais, com 100% das urnas apuradas, Dilma Rousseff teve 41,59%
dos votos válidos, exatos 43.267.668 e Aécio Neves teve 33,55% dos votos
válidos, com também exatos 34.897.211. A terceira posição coube a Marina Silva,
com 21,32% dos votos válidos e número absoluto de 22.176.619.
Somados os três, 96,46% dos
votos e 100.341.498 em números absolutos.
Os demais candidatos na
disputa somaram os 3,54% complementares, num total de 3.682.304.
Natural a migração de votos no
segundo turno, onde há polaridade.
Natural também que o candidato
Aécio herde parte considerável dos votos de Marina Silva.
O mesmo não se esperaria no resíduo
de 3,54%, onde estão alguns candidatos de extrema esquerda, cujos eleitores tem
um perfil de voto mais rígido e, talvez, até intransferível.
É surpreendente o salto de
Aécio em menos de 72 horas após o primeiro pleito, a julgar serem corretos os
levantamentos dos institutos Ibope e Datafolha, que vem tropeçando em excesso
ultimamente.
Com mais de 13 pontos
percentuais, a virada em cima da candidata Dilma faz de Aécio um fenômeno
eleitoral como raras vezes visto na história da República, ainda mais em se
tratando da era com dois turnos.
Uma verdadeira máquina de
transferência de votos, mais de dez milhões deles num estalar de dedos, sem
nenhuma calculadora, tudo muito simples.
A propaganda eleitoral volta à
TV.
Em breve, os debates. Aí sim será
possível ter ideia do real encaminhamento do jogo eleitoral.
Por enquanto, a magia dos
números sugere o cenário do melhor realismo fantástico.
@pauloandel
Thursday, October 09, 2014
Monday, October 06, 2014
um bocado de amor e outras guerras
Livro da excelente poetisa Andressa Furtado.
Informações pelo e-mail andressa.furtado@gmail.com ou ainda em http://umaestranhanolivro.blogspot.com.br/
Informações pelo e-mail andressa.furtado@gmail.com ou ainda em http://umaestranhanolivro.blogspot.com.br/
Friday, October 03, 2014
macalé & andel - só morto - burning night
jards
Nessa manhã de louco
O olho do morto
Reflete o fogo
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Pedras rolam pro mar
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Espuma de sangue a brilhar
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Esse sol tão forte
É um sol de morte
Esse sol tão forte
De mil mortes
Esse sol
Há quanto tempo
Eu não via
Um dia...
Um dia...
Tão bonito, tão...
Tão maldito, tão...
Um dia... Um dia...
Oh, see the city lights
I never seen you so brigh
Let this burning
Let this burning
Burning night
xxxx
paulo
a noite e o negrume, o silêncio e a sexta
poemas de sangue ao lua
uma beleza morta, a última dança morta
um beijo via smartphone
e os pensamentos se estupram
com inimaginável doçura
onde moram meus amores mortos?
virá um sábado, um novo dia
as crianças vão brincar sozinhas
e nem a noite triste há de voltar nvamente
e nem a vida triste vai negar um novamente
poemas exangues vão germinar
todos falando num mesmo desejo
que range, dança, brilha
mora ao longe e cativa
já que a distância não faz o lugar
acordamos e subitamente choramos:
distância é drama, dor e ausência
http://youtu.be/vrLiI9wv5oE
@pauloandel
Nessa manhã de louco
O olho do morto
Reflete o fogo
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Pedras rolam pro mar
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Espuma de sangue a brilhar
Nessa manhã de louco
Todo mistério é pouco
Esse sol tão forte
É um sol de morte
Esse sol tão forte
De mil mortes
Esse sol
Há quanto tempo
Eu não via
Um dia...
Um dia...
Tão bonito, tão...
Tão maldito, tão...
Um dia... Um dia...
Oh, see the city lights
I never seen you so brigh
Let this burning
Let this burning
Burning night
xxxx
paulo
a noite e o negrume, o silêncio e a sexta
poemas de sangue ao lua
uma beleza morta, a última dança morta
um beijo via smartphone
e os pensamentos se estupram
com inimaginável doçura
onde moram meus amores mortos?
virá um sábado, um novo dia
as crianças vão brincar sozinhas
e nem a noite triste há de voltar nvamente
e nem a vida triste vai negar um novamente
poemas exangues vão germinar
todos falando num mesmo desejo
que range, dança, brilha
mora ao longe e cativa
já que a distância não faz o lugar
acordamos e subitamente choramos:
distância é drama, dor e ausência
http://youtu.be/vrLiI9wv5oE
@pauloandel
Subscribe to:
Posts (Atom)