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Friday, November 29, 2013

dois garotos pretos

DOIS garotos pretos sentados na calçada próxima ao estacionamento anexo ao edifício da Cruz Vermelha no coração da cidade do Rio, algo em torno de sete horas da manhã, talvez tivessem doze ou quinze anos, garotos do mesmo jeito. Limpos - mas humílimos em suas vestes -, com ar de tristeza numa sexta-feira que irradia sol sem querer dizer que isso resume a vida em forma de felicidade – pessoas vão morrer, pessoas vão ser enterradas, pequenas e grandes tragédias pessoais podem acontecer, eu mesmo enterrei praticamente todas as pessoas queridas por mim em dias de sol desértico.

Dois garotos pretos silenciosos, de olhar perdido e um silêncio de dar dó, como se o mundo parecesse a desolação suprema – por que não? – que nasce diariamente nas grandes cidades, com seus edifícios supremos, sua opulência e um completo dar de ombros ao próximo. A cidade das pessoas descartáveis. O mundo onde talvez baste o telefonema rápido, o e-mail, a frase curta no whatsapp e tudo está resolvido porque não se pode perder tempo – e ele deve ser investido em que mesmo?

Dois garotos pretos, pobres, limpos, mas vestidos com roupas bastante humildes, não pareciam moradores de rua e nem dotados das mazelas cotidianas que geralmente mostram suas garras a olhos nus, tais como o uso das drogas da morte. Apenas dois garotos mudos, de olhar perdido, vagando por galáxias que ninguém saberá descrever – talvez nem eles mesmos – num cenário urbano e frio em pleno dia de sol no Rio de Janeiro, geralmente melhor aproveitado pelos mais abonados e desocupados – estes, temporária ou permanentemente falando. A cidade está viva, o verão se avizinha, o ano começa a dizer adeus e todos falam de seus planos, suas promessas, os novos velhos sonhos que, de certa forma, nos oferecem combustível para percorrer a longa estrada da inevitável solidão – por mais que se esteve perto de quem se gosta, de quem se ama, é impossível não pensar na mesma solidão em algum ou vários momentos.

Dois garotos pretos, pobres, limpos, vestidos com roupas humildes, com olhar perdido. Retratos de um mundo que jamais será justo. Retratos de uma reflexão sobre o sentido das coisas, o sentido da vida – se é que ele existe -, o tempo que desperdiçamos com bobagens, vaidades, obsessões, que nada significa diante do fato que aqui somos mera passagem, ninguém pertence a ninguém, o eterno não passa de efêmero. Grandes anúncios de grandes corporações na televisão, nos computadores e jornais, qualquer lugar. Seja um vencedor, tenha o poder, desfrute das boas coisas da vida, seja o melhor, tudo num balaio de grandes babaquices quando o mundo se resume a amigos, amores e alguma alegria vã, num intervalo entre as dores.

Dois garotos tristes. Ao me aproximar, disse-lhes uma saudação de bom dia. Não responderam absolutamente nada. Entendi.

@pauloandel 

Monday, November 25, 2013

juice

insone um amor
que se baseia em
nada vaga e flana
sem rumo ou destino
tropeça em sonho
e pisa firme à toa
em realidade alguma
insone um amor que
se basta, mendigo de
seu próprio destino
insone amor tão vivo!

@pauloandel

Friday, November 15, 2013

enquanto


enquanto a cidade sangra um canto debaixo do sol alguém
dorme como se fosse um sono
da morte alguém padece como se a vida fosse apenas paciência entre noites insones
a cidade sangra suas esquinas
e marquises solitárias
casas de campo para quem não vê Deus enquanto a cidade namora a solidão o céu troca seu gris por cobalto azul
a primavera já não demora
a cidade cobiça uma nova estação
a cidade rasga um pranto em vão
até que surja uma velha nova canção
outra nova canção

@pauloandel

Wednesday, November 13, 2013

Insones

ninguém viu ao certo a lua nova na Cruz Vermelha
enquanto mendigos mexiam em seus escombros de vida
buscando matar a dor da fome e do medo
vasculhando pequenos banquetes no lixo entulhado
ninguém viu nada ao certo ou mesmo incomodou-se
há quem creia que tudo não passa de opção ou hábito
há quem dê de ombros e depois penitencie-se em amém
ninguém viu a dor dos garotos desmaiados na praça
viajando em céus de limão com o sorriso do crack
o mundo noutro mundo que não condiz com mundo algum
há quem creia que tudo não passa de opção ou hábito
há quem dê de ombros e depois penitencie-se em amém
ninguém viu com clareza a lotação debaixo da marquise
numa noite de chuva e frio duma primavera esquisita
as flores não são mais os abre-alas da nova estação
mas acontece que ninguém viu direito ou concentrou-se
as pessoas estão ocupadas demais para pensar em alguém
pois somos uma grã-sociedade de fina competitividade:
quem tem mais sai na frente, quem não tem apenas se dana
ninguém viu ao certo a lua nova na Cruz Vermelha
há muito a se fazer para construir castelos de nada

@pauloandel

Friday, November 08, 2013

O velho "Novo Maracanã"

Por acaso foi num jogo do Flamengo.

Mas poderia ter sido no de qualquer outro time.

Inaceitável.


From: jaafreire@hotmail.com
To: atendimento@nrnoficial.com.br
Subject: Falta de respeito
Date: Thu, 7 Nov 2013 12:35:11 -0200

Boa tarde.

Estou entrando na justiça conta o programa Nação Rubro Negra, em defesa dos direitos do consumidor e pelo vexame que eu passei ontem no estádio do Maracanã, por ocasião do jogo Flamengo x Goiás.

Comprei meu ingresso através do site no dia 04/11, as 15:03 hs, e optei para retirar em uma loja.

Fui ontem (06/11 às 14:00 hs.) na loja Espaço Rubro Negro do Shopping Grande Rio para retirar.

Infelizmente  - e para meu espanto! - o ingresso no sistema já constava como retirado.

Entrei em contato via telefone no SAC do NRN, fiz uma reclamação e enviei um email reclamando.

Por volta das 17:00 hs. liguei novamente para o SAC para cobrar uma solução, fui informado que já estava resolvido o problema, mas que eu deveria retirar o ingresso no estádio do Maracanã. Cheguei no estádio e retirei o ingresso as 20:30 hs, logo depois fui direto entrar no estádio, já que o resto dos meus amigos e familiares já se encontravam lá dentro.

Então, quando passei na roleta o meu ingresso apontou como já utilizado e não me permitia a entrada. Falei com as pessoas do NRN no estádio , mandaram eu voltar no container onde retirei o ingresso para resolver; chegando lá, ninguém quis me atender e não quiseram se identificar, falaram que eu já tinha o ingresso e não podiam fazer nada.

Fiquei fora do estádio na chuva, quando a Policia Militar me ilevou até o Jecrim para prestar queixa; lá, o Jecrim me enviou para o advogado do consórcio Maracanã, esse me indicou um responsável do NRN, que dali voltei até a bilheteria, onde fiquei esperando na chuva mais 20 minutos para o Sr.Leonardo do NRN aparecer e autorizar a minha entrada no estádio somente às 22:40 hs, tendo perdido todo o primeiro tempo do jogo por conta de uma logística ineficaz.

O jogo já estava no segundo tempo, a bateria do meu celular não tinha mais, só fiz questão de entrar para não deixar meus familiares - que são de fora do Rio - perdidos na volta.

Tenho toda essa saga da falta de respeito com o torcedor pagante do programa - desde o inicio do programa sócio torcedor - gravada em vídeo e documentada.

Sinceramente o que me resta depois de ontem é entrar na Justiça contra vocês pela falta de respeito com o consumidor e torcedor.

Sem mais,

José Augusto Freire



Monday, November 04, 2013

Arnaldo Baptista - Lóki

Documentário biográfico brasileiro de 2008 de longa-metragem (120 minutos), dirigido por Paulo Henrique Fontenelle e produzido pelo Canal Brasil sobre a vida e a obra de Arnaldo Baptista, líder e fundador da banda Os Mutantes, um dos grupos musicais mais importantes da Música Popular Brasileira e fundamental no movimento conhecido por Tropicália.

Além do próprio Arnaldo Baptista, vários artistas que acompanharam e participaram da trajetória dos Mutantes e da posterior carreira solo do músico, prestam longos e emocionados depoimentos: Tom Zé, Sérgio Dias (irmão de Arnaldo), Gilberto Gil, Roberto Menescal,