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Tuesday, November 23, 2010

O VELHINHO "MALA"


Sentado diante da maravilha tecnológica que é o computador, me deixo tomar por lembranças do longe.

Tempos da juventude, rapazote calouro de faculdade.

Acho graça quando alguém se diz “veterano” porque chegou a algum lugar seis ou doze meses antes do outro. Quando ficamos velhos, isso cheira a sonora bobagem, mas faz sentido na dinâmica velocidade no verão da vida, ali pelos dezoito aos vinte e cinco anos.

Somos saudosistas a maior parte do tempo, não fujo à regra: queria aqueles tempos outra vez, mas também gosto dos atuais, com tudo de ruim que o planeta Terra contém. Sinto a falta diária da minha família e isso é uma ferida que jamais cicatrizará: sei que preciso entender os desígnios da vida, mas ela também podia quebrar o meu galho e me entender um pouco também. Agora tenho outros amigos, novos parentes escolhidos pela afinidade em vez do sangue, outro amor.

A vida é outra.

Gosto de hoje, gosto de ontem. Reunir o melhor dos dois mundos é impossível fora da memória e do coração.

Ser jovem é ter todo o tempo do mundo pela frente. Quando era assim, lá ia eu tomar o charmoso ônibus 434 para chegar à faculdade por volta de seis, seis e meia da manhã. Você quase tem todo o mundo à vista, mas também quer trabalhar, quer ter algum dinheirinho para si e ajudar a família, quer ser alguém. É isso mesmo? Pode ser. O trajeto do 434 era mais longo do que outras linhas de destino similar, mas me fascinava a idéia de dar um voltão pela cidade antes de chegar ao palco de estudos, muitas vezes não utilizado com essa finalidade. Uma coisa era certa: no penúltimo ponto antes de chegar à UERJ, ali debaixo do viaduto Oduvaldo Cozzi, na vizinhança do CEFET, o 434 quase estacionava. Um senhor era o fiscal da empresa e fazia seu trabalho com precisa lentidão: ônibus cheio de estudantes, quinhentos metros para chegar no objetivo depois de quinze quilômetros. Era batata: o velhinho travava o coletivo implacavelmente. Tinha os cabelos esbranquiçados, nem tão curtos e a barba impecavelmente mal-feita. Não parecia ser dos mais simpáticos e tratava os trocadores que fiscalizava até com certa rispidez. Durante muitas manhãs, me vinha a vontade de dizer palavrões; com o tempo, sabendo que aquilo não iria mudar, me acostumei. Virou rotina como o café da manhã, folhear o jornal ou ouvir música. O velhinho, de quem nunca soube o nome e com quem nunca troquei uma palavra, estava incorporado ao meu cotidiano.

Dois ou três anos depois, eu passei a pegar carona com o Seu Serjão e o 434 ficou mesmo para os grandes jogos no Maracanã – uma ou outra vez eu o usava, até me formar, em 1994. Depois daquilo, quase nunca eu passava por aquelas bandas no turno da manhã. Certa vez, perto do Botafogo Praia Shopping, vi o velhinho atuando como fiscal do ponto. Estava mais velhinho, não mudou muito: travava o 434. Eu é que não era mais aluno.

A vida escorre na pia, coisas que foram outro dia viram outra década.

Tomei um táxi, desci a praça da Bandeira. Quando me dei conta, ia subir o viaduto. Pedi ao taxista que caísse pela esquerda, só para ver o ponto de ônibus. Havia um 434, mas nenhum fiscal. Parecia um dia vazio. Paramos atrás do ônibus, que se deslocou rapidamente – não era mais o 434 da minha juventude. Tão vazio quanto o dia era a região do ponto: nenhum passageiro, nenhum fiscal.

A vida segue seu curso, escrevi isso noutro lugar. Não temos tempo a perder. O problema é que não consigo deixar de pensar nas ruínas da minha juventude, depois de ter visto aquele ponto deserto.

Que saudade do velhinho mala!


Paulo-Roberto Andel

Thursday, November 11, 2010

A IMPRENSA ÉTICA (?)


Menos de dez dias depois de uma derrota eleitoral que muito irritou seus patronos e financiadores, parte significativa da imprensa brasileira convencional voltou a fazer o que mais sabe: criar factóides.

Por representarem um segmento social alheio ao aceite democrático do resultado das urnas, a imprensa agora tenta impor “graves mazelas” à vida brasileira, como a patética condenação do ENEM (que, no fundo, sempre desagradou ao PSDB pela evidente insatisfação de representar uma perspectiva de não-colonização das classes sociais menos abonadas, agora com acesso ao ensino superior) e o fenomenal “escândalo” envolvendo Silvio Santos. Em ambos os casos, os dados disponíveis revelam clara contradição entre o que realmente aconteceu e o que se lê nas manchetes. Tentaram o “escândalo” do IDH e não deu certo. Curiosamente, tudo isso acontece não somente no momento em que o PT confirma a vitória nas eleições presidenciais, mas também quando a mais poderosa rede de comunicação do país – com forte ascendência sobre as demais - recebe violento golpe do CADE num de seus tesouros mais bem-amealhados: a transmissão dos jogos de futebol, que gera verbas bilionárias de publicidade nos caríssimos anúncios comerciais. Não é nenhum delírio afirmar que a fábrica de factóides, tão bem-engendrada pelo ex-futuro líder político da oposição no Senado brasileiro, César Maia, à época de seu período como prefeito da cidade do Rio de Janeiro, cause espécie entre seus pares jornalístico-televisivos que, incomodados com a perda de lucro bilionário que possam vir a ter, partiram para uma situação de enfrentamento constante em prol da “verdade e da justiça”.

Não é a primeira vez, nem a segunda e nem a décima em que, incomodada por qualquer tipo de ameaça ao seu reinado, a rede líder e seus peixes-piloto avancem com fúria de tubarão contra governos. Leonel Brizola sofreu isso na pele, Lula também. Se pensarmos bem, uma reflexão profunda sobre um tempo sombrio da vida brasileira é necessária; o que fez as forças que fabricaram e elegeram Fernando Collor de Mello com presidente voltarem-se contra ele menos de três anos depois? Um automóvel? Não somos tolos em corroborar essa tese – a própria mídia tenta forçadamente aproximar Collor de Lula, como se ela nada tivesse a ver com o “Caçador de Marajás”. Algo fede a peixe, ainda não desnudo em sua decomposição. Para culminar, o completo temor exibido em telejornais contra marcos regulatórios da profissão jornalística, tidos com “censura ditatorial” em contrapartida ao verdadeiro golpe de Estado que tentaram impor neste ano de 2009. Difícil dizer até onde vai a ignorância ou a ma-fé nesta questão: nos países mais desenvolvidos do planeta, poucos jornalistas poderiam fazer em público o que fizeram com Lula nos últimos oito anos. Ninguém foi censurado. Querem fazer crer que liberdade e libertinagem são a mesma coisa. Qualquer profissional superior tem sindicatos a lhe representar, conselhos aos quais presta contas financeiras e pode ser até impedido de exercer a profissão em caso de ferimento à ética ou aos princípios básicos do diploma que obteve. Jornalistas estão acima da lei? Não. Devem ter toda a liberdade de se manifestarem livremente, desde que não afrontem princípios constitucionais – o que têm feito de forma incessante.

Que imprensa é essa?

A que pretende a ampla discussão do país ou a golpista, entreguista, representante dos que traíram o Brasil em 1928, 1932, 1954 e 1964?

Aos brasileiros de bem, a reflexão.

Tuesday, November 09, 2010

SOBRE NAZIFASCISTAS, SEPARATISTAS E ESCROQUES DE 2010


Esse negócio de separar Estados, ceifar, expulsar imigrantes, "a terra para os terráqueos" e outras idiotices mais constituem um bolo cujo ingrediente primordial está contido na seguinte sentença: "Tem mais é que tacar uma bomba na favela e explodir tudo". É o homo sapiens voltando a ser quadrúpede.

Mas poderia ser também em "Viado tem que morrer", "Lugar de mulher é na cozinha/Mulher não sabe dirigir", "Vamos incinerar macumbeiros" ou "O que é que essa gentalha está fazendo no shopping?". E "Tem que botar na cadeia pra matarem ele duma vez". Ah, tem mais uma: "No tempo dos militares é que era bom...". Desculpem a falta de classe, mas era bom só se fosse no meio do rabo de quem diz isso, sem qualquer direito a sursis feito de Hipoglós ou pomada erva-de-bicho.

Se você identificou alguma das sentenças acima nos diálogos ou conversa que trava com terceiros e quartos, meus parabéns: você está num país que ainda tem grandes problemas, mas recentemente resolveu encarar com vigor um dos maiores problemas do planeta Terra, que é a desigualdade social causada pela má distribuição de renda.

Você está num país onde uma burguesia elitista que escravizou, explorou, estuprou e roubou ainda tem as rédeas do poder econômico (e anda muito enfezada com as urnas), mas definitivamente perdeu as do poder político - e, por isso vê gradualmente a ascensão social de seus serviçais, mesmo que estes morem em comunidades ainda carentes.

Você está num país onde moralistas à beira-mar condenam o aborto que as meninas pobres, desnutridas e negras fazem em condições subhumanas, mas fazem vista grossa com as gatinhas fashion que entram nas clínicas da Rua Dona Mariana, em Botafogo - de onde saem visivelmente mais magras ao fim do dia; para eles, tudo bem: são "bonitas, brancas e de (sic) família".

Você está num país onde se fala diariamente que o problema está em oito ou nove mil parlamentares que praticam a corrupção - e quem fala isso diz "eu pago meus impostos" mas... paga mais ou menos, não? Sonega. E estes mesmos que fingem "condenar" a sonegação votam em candidatos com... total ligação com alguns dos piores corruptos da nação, no pior estilo "A lot of opportunities".

Você está num país onde é preciso resover as ditaduras religiosas: uma acha que manda em todas; outras acham que podem mandar em tudo.

Você está no Brasil.

Meus parabéns.

Esta é uma terra que foi muito vilipendiada, onde senhores de engenho queriam sobreviver com o mesmo estilo dos tempos da escravatura em pleno 2010. Não deu certo. Li em algum lugar que o povo às vezes faz vista grossa para corruptos, mas nunca se esquece dos traidores. Deve ser assim.

Aqui já foi uma droga, falta muita coisa ainda mas os primeiros sinais já vem brotando há tempos.

Tem uma turma que reclama além dos nazifascistas: os exploradores, os ex-pobres que não suportam rever nos outros a situação que um dia os banhou, os extremamente ignorantes que baseiam suas análises socio-politicas em veículos cabotinos como a "revista" Veja, "jornais" como os que dominam a cena paulistana e redes de comunicação como o Sistema Globo, eternamente ligado a tudo o que de pior aconteceu aqui. E só. Não dá quarenta milhões de pessoas nem gozando. Se muito, dá trinta. Dois milhões de exploradores, quatro milhões de parentes, dois milhões de puxa-sacos e vinte e dois milhões de eleitores que estão dominados pela monocultura: um só time, uma só tevê, um só jornal, uma só moda, nenhum livro que preste. Antes de qualquer protesto, recomendo não comparar os números acima com os dados oficiais da recente eleição que sacramentou a vitória de Dilma presidente. Evidentemente, me refiro a uma estatística de araque. Quando entender melhor do assunto, pormenorizo isso.

Está na hora de dar um BASTA! com todas as letras maiúsculas aos racistas, preconceituosos, salafrários, apedeutas e profetas do apocalipse que vociferam mentiras e tentam impingir ao país um clima de insegurança e mentira, o mesmo clima tenso dos cenários de 1932, 1954 e 1964. É hora de colocá-los no lixo, mas não da maneira como eles pregam, que é a de dizimar, aniquilar, matar, explodir. De forma alguma! O caminho é deixá-los falando sozinhos, no vácuo da oceânica ignorância dos quais são a mais perfeita tradução. A cidade, o estado e o país não podem parar por causa de meia-dúzia de nazistóides só porque eles dominam o mercado formal de informação. Meu próprio exemplo: envergonhado com a sujeira disseminada nos últimos meses por determinadas mídias, simplesmente parei de utilizá-las. Fora! Gente que não tem respeito a pobre, que acha que a solução é sempre explorar os outros, que fala aquelas idiotices lá do primeiro parágrafo, não pode servir para ser minha amiga, para me dar bom-dia e não pode sequer servir de minha latrina. Fora! Reconheço o estado democrático de burrice, mas o de má-fé não. Fora! Fora geral! Que o Deus deles lhes receba.

BOICOTE!

Chega de novelas de merda que só propõem os piores sentimentos humanos e vendem a ideia de "vencer na vida a qualquer custo".

Chega de jornais com manchetes que desafiam qualquer sujeito letrado, insinuando que somos completos imbecis.

Chega de telejornais com "senhores da verdade" que serviram a assassinos e traidores da pátria, lambendo a virilha de seus patrões.

Chega de prepotentes apontando o que devemos consumir, ver, ouvir e principalmente NÃO ler.

Chega de uma elite que propõe uma sociedade vedada, gradeada, sectária.

Essa é nossa resposta: deixá-los no limbo que lhes cabe. O ocaso. O vazio que representam. os quarenta milhões de votos já voltaram a ser trinta. Trinta milhões de pessoas num universo de cento e noventa milhões. Dezesseis por cento. Há muito o que fazer junto aos outros oitenta e quatro.

O tempo, as coisas e os votos sabem onde é a última morada dessa gente, que acha a própria carne mais digna, bela e representativa do que a de bilhões de pessoas que nasceram, não viveram mas morreram e morrerão igualzinho a elas. Em decomposição ou cremação.

Não há mais espaço para ditaduras, separatismo, golpes, opressão.


O Brasil é de paraíbas, pretos, gordos, viados, judeus e também de brancos, louros, heteros, evangélicos, espíritas, hinduístas, ateus, ricos dignos, pobres dignos, sulistas, camponeses, urbanos, fazendeiros, peões.

Os trabalhadores venceram.

Quem não os respeitar, que descanse em paz, mesmo que em vida.

Paulo-Roberto Andel

Wednesday, November 03, 2010

ADEUS, FASCISTAS




1

Mendel era um jovem estudante de Medicina na UFRJ quando testemunhou a ditadura militar no Brasil e suas atrocidades. Pouco tempo depois, ingressou no proibidíssimo PCB, o que lhe custou sucessivas detenções no famigerado DOPS, que fazia no Brasil mais ou menos o que os chuveiros ácidos faziam em Auschwitz. Cinco anos depois daquele patético, deprimente, pavoroso e nojento primeiro de abril, teve uma única opção: "sair" do Brasil para não ser morto, morar em Israel, revalidar seu diploma na universidade (o que não aconteceu com o Sr. José Serra) e, entre 1972 e 1987, trabalhar como psiquiatra do exército israelense. Antes disso, penou em delegacias, levou choques e uma das pancadas na cabeça lhe tirou a audição do lado direito. Faleceu em 1987, muito longe da simpática cidade de São Carlos, no interior de São Paulo, onde viveu pouco tempo com seus pais, Taube e Favel Andel - estes faleceram quando Mendel era criança, criada posteriomente no internato do Instituto Hebreu-Brasileiro. Ainda teve dezessete anos de vida, ao menos. Escapou da morte ou do desaparecimento do corpo, tal como outros jovens daquela época. Alguns imbecis apontam que a ditadura apenas se defendia do terrorismo; por isso, deveriam ter seus diplomas escolares cancelados. Qualquer colegial sabe que não cabe a nenhum Estado a prática do assassínio de opositores a um eventual regime político.

Mendel não morreu como Stuart Angel ou Edson Luís. Estes tiveram a vida ceifada à vista por conta da estupidez da ditadura, com requintes de crueldade e covadia. Mendel também, só que morreu a prazo, em conta-gotas. Tiraram-lhe a família, o time de futebol, a pátria, impuseram-lhe outro lugar do mundo para viver e, obrigado pelas leis de seu novo país, acabou trabalhando diariamente no verdadeiro palco de horrores que era – e é – cuidar da saúde mental de soldados mutilados física e psicologicamente falando.

Havia Mendel, Stuart, Manoel, Edson, Carlos, Lucia, Dilma. Anos depois, alguns deles puderam voltar à vida civil brasileira. Outros carregaram as marcas da tortura para sempre. Muitos desapareceram: corpos banhados em ácido, outros carbonizados, outros repartidos pelos cavalos como se fazia no tempo do Brasil-Colônia.

Os idiotas, somente os idiotas, acreditam que a ditadura fez bem ao Brasil e que militares era torturados. Nunca se soube do desaparecimento de nenhum general, major, coronel ou capitão que tenha defendido a ditadura.

Mendel era meu tio.

Sua memória foi honrada com a vitória de Dilma Roussef nas eleições de domingo.


2

A vitória da Presidente Dilma tem várias facetas. Não poderia ter ocorrido em hora melhor.

Quarenta e seis anos depois de 1964, sepultar os cadáveres políticos que representam aquela época era mais do que preciso. O Brasil não precisa da opressão da Arena, do nacionalismo de gaveta da UDN. O que dizer de um partido que esconde suas próprias origens como é o chamado DEM? Colaboradores da ditadura, lacaios do republicanato norte-americano, defensores do coronelismo no Nordeste em 2010. Tiveram o resultado que lhes é justo: poucas cadeiras no parlamento, alguns postos de governo e uma sede enorme de que tudo dê errado para que tenham a chance de recuperar o poder, nem que seja de forma ditatorial, como já fizeram mais de uma vez.

Junto ao DEM, uma enorme mentira chamada PSDB e alguns lamentáveis papagaios-de-pirata como os senhores Roberto Freire, Fernando Gabeira e Marcello Cerqueira. Na periferia, os fracassos retumbantes de Marco Maciel, símbolo civil da ditadura, e César Maia, homem de ex-blog e ex-cidade musical.

O povo brasileiro é enorme e humilde, tem pouca escolarização em sua maioria, mas não é bobo, menos ainda burro. Às vezes, tem condescendência com corruptos, mas uma coisa é certa: não perdoa os TRAIDORES.

Quando menos se espera, as urnas sabem ser justas.


3

Falam da inexperiência de Dilma como se fosse possível cursar uma faculdade de Presidência da República. Eu vos pergunto: que experiência tinham os senhores FHC e Collor quando se tornaram mandatários da nação?

Falam que Dilma é um fantoche de Lula. Seria ruim a presidente manter as diretrizes de um governo que deu certo, ou elles estão apenas querendo o PODER e não o bem do Brasil?


4

Publicados os dados oficiais, fiquei comovido com o discurso de Dilma.

Lembrei de meu pai, de meu tio, da ditadura que infelizmente vivi. Lembrei de como eles mereceram ver um país melhor do que aquele no qual viveram.

Não deu tempo. Mas ainda estou aqui.

Como seria ter Leonel Brizola, João Goulart e Darcy Ribeiro naquele palanque?


5

“Tem mais é que tacar uma bomba na favela e explodir aquilo tudo. Tem que remover. Que nojeira esses pobres andando de celular no shopping. Que breguice desses pobres vindo à praia de metrô”

Delírios nazifascistas como este, publicado nas três linhas imediatamente acima, estão, felizmente, banidos da vida nacional.


6

Leio jornais diariamente há trinta e dois anos, mesmo aqueles com os quais não concordo ideologicamente.

Neste 2010, a calda escorreu para o chão.

Nunca as manchetes e conteúdos dos veículos impressos foram tão sujas, tão hipócritas, tão levianas contra uma candidatura. Os piores momentos de Collor 1989 foram à lona.

Golpismo barato que foi devidamente refutado no melhor palco: a urna.


7

Quase um ano depois, a ditadura da mídia não toca em um tema que pode gerar páginas e páginas policiais: onde surgiu a bela amizade – e posterior sociedade comercial – entre Verônica Serra e Verônica Dantas?


8

Lula.

Obrigado por tudo.


9

Para rir um pouco












Paulo-Roberto Andel, 03/11/2010