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Thursday, September 30, 2010
MINHA SINCERA HOMENAGEM A ZÉ DERROTADO SERRA
Adeus, UDN.
Adeus, Arena.
Adeus, neodemocratas e neoliberais.
Até o velório de domingo.
Acreditar
Dona Ivone Lara
Composição: Yvonne Lara e Delcio Carvalho
Acreditar, eu não
Recomeçar, jamais
A vida foi em frente
E você simplesmente não viu que ficou pra trás
Não sei se você me enganou
Pois quando você tropeçou
Não viu o tempo que passou
Não viu que ele me carregava
E a saudade lhe entregava
O aval da imensa dor
E eu que agora moro nos braços da paz
Ignoro o passado
Que hoje você me traz
E eu que agora moro nos braços da paz
Ignoro o passado
Que hoje você me traz
Wednesday, September 29, 2010
ELES "PODEM" MAIS, NA CARA-DE-PAU...
(Clique na imagem para uma melhor performance literal)
Para começar o dia, nada melhor do que dois emocionantes flashbacks envolvendo o cearense porreta que mandou e desmandou no Brasil durante os tempos do frango a um real: Eduardo Jorge Caldas Pereira, o Eduardo Jorge, braço-direito de FHC e, coincidentemente, um dos "injustiçados" pela Receita Federal no "escândalo" armado por Zé do Caixão Serra.
Denúncias de "O Globo" e da "Falha de Sp"?
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
Divirtam-se.
http://tools.folha.com.br/print?url=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Ffolha%2Fbrasil%2Fult96u2998.shtml&site=emcimadahora
16/07/2000 - 09h28
Crise tira Eduardo Jorge dos bastidores
MARTA SALOMON e FERNANDO RODRIGUES
DA Sucursal de Brasília
Horas antes de pegar um avião e tentar ganhar distância do centro da crise que leva seu nome, o ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira não escondia o desconforto com tamanha exposição de um personagem que fez de tudo para viver na sombra.
Com um rápido comentário, ele tentou explicar esse desconforto, dividido nos últimos dez dias com o presidente Fernando Henrique Cardoso: "As entranhas do poder nunca são bonitas quando expostas".
E, de entranhas do poder, Eduardo Jorge entende como poucos. Resultado de 17 anos de convivência contínua e muito próxima com FHC, desde que a história do economista cearense de Baturité cruzou com a do sociólogo recém-chegado ao Senado. E principalmente da confiança "absoluta" que o presidente deposita ou pelo menos depositava nele até recentemente.
De sombra, Eduardo Jorge sempre gostou. Tudo menos um holofote, era seu lema. "Eu não existo, eu não falo, não dou declarações", costumava repetir nos tempos em que desfrutou, mais do que ninguém no governo, da proximidade com o presidente.
No terceiro andar do Palácio do Planalto, a cadeira do ex-secretário-geral ficava a poucos passos da cadeira do chefe.
Havia uma passagem direta entre os gabinetes de ambos, enquanto o ""segundo" de Fernando Henrique, Clóvis Carvalho (Casa Civil), tinha de descer um andar quando queria falar pessoalmente com um dos dois.
Dali, o acesso ao centro do poder não era apenas fácil. Com autorização do chefe, Eduardo Jorge construiu uma rede de informações que lhe daria acesso ilimitado a todos os assuntos importantes em discussão na República. De política a negócios.
Hoje, nenhum ministro desempenha mais tantas funções como Eduardo Jorge no governo. Seu antigo gabinete foi reformado, virou uma sala de reuniões.
Arquivo ambulante
O que ele sabe daria um livro? Daria, disse Eduardo Jorge mais de uma vez. Mas ele nunca pensou em escrevê-lo, pelo menos enquanto guardava a perspectiva de manter-se próximo do poder por muito tempo ainda.
Não é de hoje que Eduardo Jorge acredita que detalhes do funcionamento do poder devem ser guardados em segredo.
Eduardo Jorge poderia descrever com minúcias desde a formulação do Plano Real, que acompanhou como assessor do Ministério da Fazenda, até os bastidores da campanha de reeleição de FHC, cujo comitê comandou depois de deixar oficialmente o governo, em abril de 1998.
Seus arquivos guardam detalhes de negociações da Constituinte de 1988 que jamais foram tornados públicos.
No governo, ele continuou acompanhando de perto as negociações e os jogos de interesses de emendas constitucionais, medidas provisórias, projetos de lei. Gerenciava a pauta política de Brasília.
Mas o que definitivamente marcou a passagem de Eduardo Jorge pelo poder e o tornou um homem poderoso foi uma tarefa que FHC lhe delegou no Planalto desde 1995.
Coube ao então secretário-geral da Presidência o controle das nomeações de cargos no governo e a administração dos pedidos de políticos.
Ainda hoje, ele sabe quem tem o quê no governo, quem manda onde, como pensa a maioria dos ocupantes de postos federais.
Apesar do comportamento fechado, quase antipático na visão de alguns políticos, Eduardo Jorge não desempenhava a tarefa como burocrata enfastiado com o avanço da fisiologia, mas como estrategista político. Ele imaginava dar as cartas num jogo pesado de interesses, sempre em nome de um interesse maior do chefe.
Por trás do preenchimento de postos de direção nos fundos de pensão, por exemplo, ele tinha consciência de que havia jogadas de bilhões em investimentos.
Telefone criptografado
Com os instrumentos que a tarefa lhe dava para investigar a vida de candidatos aos cargos, Eduardo Jorge passou a acumular muita informação. Informação e poder. Falar com ele era como falar com o presidente da República, que não hesitava em lhe delegar tarefas.
Eduardo Jorge gostava de investigar e cuidava da privacidade. Cercava-se de cuidados. Picotador de papel e telefone criptografado impediam o vazamento de informações.
FHC o tinha como funcionário público exemplar, fidelíssimo, e se divertia com o apelido de ""Homem-Interpol" do assessor no Planalto. Eduardo Jorge correspondia às demonstrações de prestígio crescente se dirigindo de maneira formal ao chefe, primeiro chamado de senador, depois de ministro e, desde 1995, de presidente.
A confiança não foi abalada nem mesmo quando o nome de Eduardo Jorge apareceu envolvido com a interferência prévia da construtora Norberto Odebrecht na edição de uma medida provisória de seu interesse, com o vazamento de uma lista de parlamentares devedores do Banco do Brasil que resistiam à proposta de reeleição, ou com a disputa pelo controle do fundo de pensão Real Grandeza, da estatal Furnas.
Sinais
Teoricamente, Eduardo Jorge só fazia o que o chefe mandava. Os primeiros sinais de que Eduardo Jorge poderia agir independentemente apareceram na política brasiliense.
Do Planalto, Eduardo Jorge fazia carga há tempos contra o governador petista Cristovam Buarque. A amizade com o senador cassado Luiz Estevão ganhava ares de uma aliança política. Decidido a barrar a reeleição de Buarque em 1998, Eduardo Jorge convenceu FHC a apoiar publicamente a candidatura de Joaquim Roriz, companheiro de chapa de Estevão.
Pelo menos dessa vez, FHC fez o que o assessor queria. Mas não reclamou. Foi alertado por Cristovam Buarque para os perigos que a proximidade entre Eduardo Jorge e Estevão poderia representar. O presidente desconsiderou o conselho e renovou a confiança no assessor.
Enquanto seguia as ponderações de um auto-intitulado gerenciador de crises, contratado depois de seu nome aparecer como destinatário de telefonemas do juiz Nicolau do Santos Neto -ex-presidente do TRT de São Paulo, hoje foragido-, Eduardo Jorge evitou pôr as mãos no fogo por Luiz Estevão publicamente.
Mas perdeu de vez o sossego quando manifestou preocupação com a cassação do amigo Luiz Estevão, há pouco mais de duas semanas. Naqueles dias, o homem conhecido por não honrar amizades já começava a espalhar que não arderia sozinho na fogueira pelo desvio de R$ 169 milhões da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
FHC já não põe mais a mão no fogo pelo assessor.
Denúncias de "O Globo" e da "Falha de Sp"?
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
Divirtam-se.
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16/07/2000 - 09h28
Crise tira Eduardo Jorge dos bastidores
MARTA SALOMON e FERNANDO RODRIGUES
DA Sucursal de Brasília
Horas antes de pegar um avião e tentar ganhar distância do centro da crise que leva seu nome, o ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira não escondia o desconforto com tamanha exposição de um personagem que fez de tudo para viver na sombra.
Com um rápido comentário, ele tentou explicar esse desconforto, dividido nos últimos dez dias com o presidente Fernando Henrique Cardoso: "As entranhas do poder nunca são bonitas quando expostas".
E, de entranhas do poder, Eduardo Jorge entende como poucos. Resultado de 17 anos de convivência contínua e muito próxima com FHC, desde que a história do economista cearense de Baturité cruzou com a do sociólogo recém-chegado ao Senado. E principalmente da confiança "absoluta" que o presidente deposita ou pelo menos depositava nele até recentemente.
De sombra, Eduardo Jorge sempre gostou. Tudo menos um holofote, era seu lema. "Eu não existo, eu não falo, não dou declarações", costumava repetir nos tempos em que desfrutou, mais do que ninguém no governo, da proximidade com o presidente.
No terceiro andar do Palácio do Planalto, a cadeira do ex-secretário-geral ficava a poucos passos da cadeira do chefe.
Havia uma passagem direta entre os gabinetes de ambos, enquanto o ""segundo" de Fernando Henrique, Clóvis Carvalho (Casa Civil), tinha de descer um andar quando queria falar pessoalmente com um dos dois.
Dali, o acesso ao centro do poder não era apenas fácil. Com autorização do chefe, Eduardo Jorge construiu uma rede de informações que lhe daria acesso ilimitado a todos os assuntos importantes em discussão na República. De política a negócios.
Hoje, nenhum ministro desempenha mais tantas funções como Eduardo Jorge no governo. Seu antigo gabinete foi reformado, virou uma sala de reuniões.
Arquivo ambulante
O que ele sabe daria um livro? Daria, disse Eduardo Jorge mais de uma vez. Mas ele nunca pensou em escrevê-lo, pelo menos enquanto guardava a perspectiva de manter-se próximo do poder por muito tempo ainda.
Não é de hoje que Eduardo Jorge acredita que detalhes do funcionamento do poder devem ser guardados em segredo.
Eduardo Jorge poderia descrever com minúcias desde a formulação do Plano Real, que acompanhou como assessor do Ministério da Fazenda, até os bastidores da campanha de reeleição de FHC, cujo comitê comandou depois de deixar oficialmente o governo, em abril de 1998.
Seus arquivos guardam detalhes de negociações da Constituinte de 1988 que jamais foram tornados públicos.
No governo, ele continuou acompanhando de perto as negociações e os jogos de interesses de emendas constitucionais, medidas provisórias, projetos de lei. Gerenciava a pauta política de Brasília.
Mas o que definitivamente marcou a passagem de Eduardo Jorge pelo poder e o tornou um homem poderoso foi uma tarefa que FHC lhe delegou no Planalto desde 1995.
Coube ao então secretário-geral da Presidência o controle das nomeações de cargos no governo e a administração dos pedidos de políticos.
Ainda hoje, ele sabe quem tem o quê no governo, quem manda onde, como pensa a maioria dos ocupantes de postos federais.
Apesar do comportamento fechado, quase antipático na visão de alguns políticos, Eduardo Jorge não desempenhava a tarefa como burocrata enfastiado com o avanço da fisiologia, mas como estrategista político. Ele imaginava dar as cartas num jogo pesado de interesses, sempre em nome de um interesse maior do chefe.
Por trás do preenchimento de postos de direção nos fundos de pensão, por exemplo, ele tinha consciência de que havia jogadas de bilhões em investimentos.
Telefone criptografado
Com os instrumentos que a tarefa lhe dava para investigar a vida de candidatos aos cargos, Eduardo Jorge passou a acumular muita informação. Informação e poder. Falar com ele era como falar com o presidente da República, que não hesitava em lhe delegar tarefas.
Eduardo Jorge gostava de investigar e cuidava da privacidade. Cercava-se de cuidados. Picotador de papel e telefone criptografado impediam o vazamento de informações.
FHC o tinha como funcionário público exemplar, fidelíssimo, e se divertia com o apelido de ""Homem-Interpol" do assessor no Planalto. Eduardo Jorge correspondia às demonstrações de prestígio crescente se dirigindo de maneira formal ao chefe, primeiro chamado de senador, depois de ministro e, desde 1995, de presidente.
A confiança não foi abalada nem mesmo quando o nome de Eduardo Jorge apareceu envolvido com a interferência prévia da construtora Norberto Odebrecht na edição de uma medida provisória de seu interesse, com o vazamento de uma lista de parlamentares devedores do Banco do Brasil que resistiam à proposta de reeleição, ou com a disputa pelo controle do fundo de pensão Real Grandeza, da estatal Furnas.
Sinais
Teoricamente, Eduardo Jorge só fazia o que o chefe mandava. Os primeiros sinais de que Eduardo Jorge poderia agir independentemente apareceram na política brasiliense.
Do Planalto, Eduardo Jorge fazia carga há tempos contra o governador petista Cristovam Buarque. A amizade com o senador cassado Luiz Estevão ganhava ares de uma aliança política. Decidido a barrar a reeleição de Buarque em 1998, Eduardo Jorge convenceu FHC a apoiar publicamente a candidatura de Joaquim Roriz, companheiro de chapa de Estevão.
Pelo menos dessa vez, FHC fez o que o assessor queria. Mas não reclamou. Foi alertado por Cristovam Buarque para os perigos que a proximidade entre Eduardo Jorge e Estevão poderia representar. O presidente desconsiderou o conselho e renovou a confiança no assessor.
Enquanto seguia as ponderações de um auto-intitulado gerenciador de crises, contratado depois de seu nome aparecer como destinatário de telefonemas do juiz Nicolau do Santos Neto -ex-presidente do TRT de São Paulo, hoje foragido-, Eduardo Jorge evitou pôr as mãos no fogo por Luiz Estevão publicamente.
Mas perdeu de vez o sossego quando manifestou preocupação com a cassação do amigo Luiz Estevão, há pouco mais de duas semanas. Naqueles dias, o homem conhecido por não honrar amizades já começava a espalhar que não arderia sozinho na fogueira pelo desvio de R$ 169 milhões da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
FHC já não põe mais a mão no fogo pelo assessor.
Tuesday, September 28, 2010
Monday, September 27, 2010
O TRISTE FIM DAS VIÚVAS DA DITADURA...
I
Carta eletrônica endereçada ao Deputado Brizola Neto, em seu blog "Tijolaço", http://www.tijolaco.com/
27 de September de 2010 at 11:43
Caro Deputado Brizola Neto,
Tão certa quanto é a avassaladora quantidade de votos que o senhor receberá no próximo domingo é, inquestionavelmente, a data do maior velório eleitoral da história da República, engasgado desde 1964.
Eleger Dilma é muito mais do “apenas” garantir a sólida continuidade do Governo Lula e suas inúmeras conquistas sociais. É dar um NÃO definitivo aos traidores da pátria que, a partir do golpe, dizendo-se “progressistas” ou de “esquerda”, sempre tomaram atitudes contrárias ao senso comum do bem-estar da coletividade. Domingo que vem é o dia de começarmos um novo Brasil, sem qualquer expectativa de poder dessa gente que não tem apreço pelos pobres, pelos necessitados, pela maioria do povo; gente que não hesitou em vender sua alma pelo “progresso” do Estado Mínimo; gente que acha normal as pessoas passarem fome e morrerem à míngua em barracos, palafitas e calçadas com creolina. Gente que achou “normal” esquecer dos terríveis anos da titadura, quando um Estado em exceção promoveu o assassínio de milhares de jovens e trabalhores que só queriam o restabelecimento do Estado democrático de direito. Gente que chamou aposentados de vagabundos e que promoveu dentro do próprio governo uma dos maiores arroubos republicanos: a reeleição de um presidente com a mudança das regras eleitorais em pleno mandato, “digna” das piores ditaduras.
É o fim definitivo de uma era de “progressos” à custa da dilapidação do patrimônio público, de entreguismos, de subserviência aos especuladores, de prioridade do capital volátil em detrimento do emprego, de falácias mofadas e carência de resultados.
É o fim de um grupo que não deixará a menor saudade. O velório coletivo de uma prática política que faleceu diante de seu merecido ocaso. As pessoas estão cansadas dessa mentira de que, para progredir, é preciso destruir, entregar e desfazer.
É o fim de uma ideia que supôs poder mais: mais privatização, mais lucros para 0,000001% da população, mais empáfia, mais pose. Tudo para menos Brasil. Tiveram seu tempo. Queriam mais. Fracassaram.
Não há mais tempo. Resta somente uma semana de vida política para este pensamento que, por muitos anos, se alojou na vida brasileira feito um tumor, agora definitivamente em vias de extirpação.
O novo Brasil que surge no horizonte é o do trabalho, da educação e do rumo inevitável para a diminuição do abismo social que ainda vivemos. Não há como frear esse processo.
Brasileiros de bem que entregaram suas próprias vidas em defesa de um país democrático e justo serão mais do que bem-honrados. Brasileiros que lutaram uma vida inteira por um país diferente, um país para todos e não somente para os Brooklins e Leblons, serão mais do que bem-honrados.
Não há mais espaço para um Brasil tirano e mesquinho. Com os oito anos de luta recente e mais os anos que vêm à frente, finalmente chegaremos ao Brasil que 1964 nos reservava – e foi covardemente trucidado pelos interesses mesquinhos financiados com capital transnacional. Lamento apenas por meus pais e meu tio, que mereciam ver em vida essa vitória colossal que tanto esperavam. Estejam onde estiverem, de alguma maneira verão.
Parabéns pelo novo mandato que se avizinha.
Não temos tempo a perder.
Um grande abraço,
Paulo-Roberto Andel
BRIZOLA VIVE!
II
O Conversa Afiada tem o prazer de publicar artigo do deputado Fernando Ferro, do PT de Pernambuco, sobre a democracia no regime do Farol de Alexandria.
Ferro foi quem cunhou a expressão PiG (*), a propósito de um artigo despropositado do Ali Kamel.
Onde estavam os supostos democratas na era FHC?
À medida que as possibilidades de vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno se tornam mais reais, a sensibilidade às “ameaças à democracia” fica crescentemente aguçada. E distorcida. No caso do Brasil de hoje, as ameaças, segundo grupos da oposição, provêm, paradoxalmente, do próprio voto popular.
Essa parece ser a tese dos chamados “formadores de opinião” que querem mobilizar o País em “defesa da democracia”. Inspirados por um neoudenismo opaco e alimentados por um mal disfarçado ressentimento político, esses autodenominados “democratas convictos” insurgem-se, agora, contra a “visão regressiva do processo político”, que transforma o “Legislativo em extensão do Executivo” e “viola a Constituição e as leis”. Temem, acima de tudo, que Lula não apenas consiga eleger a sua sucessora, mas também que a situação obtenha votos suficientes para fazer uma folgada maioria no Congresso. Tal perspectiva, se concretizada, abriria, segundo esses “democratas convictos”, o caminho para o “autoritarismo” baseado no “partido único” (qual deles?) e na definitiva “fragilização da oposição”.
Como parlamentar que viveu a experiência dos 8 anos de FHC na oposição, e hoje no governo, posso avaliar o comportamento dos atuais oposicionistas, cuja dificuldade de atuar fica evidente na tentativa de golpear de forma baixa o Governo Lula, e de, ao melhor estilo lacerdista, mas sem a mesma competência e brilho, ganhar o jogo a qualquer custo, tentando impedir a continuidade desse projeto, agora sob comando de Dilma Roussef.
Tal preocupação é deveras tocante é têm sólidas raízes na história recente do Brasil. De fato, na época do regime militar, havia também muitos “democratas convictos” que se insurgiam contra a perspectiva do destino do País ser entregue ao arbítrio das massas populares “que não sabiam votar” e que se constituíam em apenas “massa de manobra para interesses populistas”.
Posteriormente, já no regime democrático, houve casos em que o voto popular conduziu a situações em que as oposições se viram extremamente fragilizadas e o governo pode promover, a seu bel-prazer, profundas reformas constitucionais e legais, transformando o “Legislativo em mera extensão do Executivo”. Esse foi o caso, por exemplo, do governo Fernando Henrique Cardoso.
Com efeito, turbinado pelo Plano Real, que produziu efeitos distribuidores de renda no curto prazo e promoveu o chamado “populismo cambial”, o governo FHC conseguiu formar uma maioria parlamentar e política que faria corar o democrata mais convicto. Na Câmara dos Deputados, o que os atuais “defensores da democracia” chamam de “partido único” tinha apenas 49 parlamentares e a oposição como um todo reunia pouco mais que uma centena de deputados. Assim, o governo FHC tinha à disposição uma maioria acachapante de quase 400 parlamentares. No Senado, a situação era pior (ou melhor, para os “democratas convictos”), o PT tinha cinco senadores e a oposição como um todo menos do que 20.
Tal maioria permitiu que, do alto da presidência da Câmara, o deputado Luiz Eduardo Magalhães operasse, alegre e profusamente, o seu famoso “rolo compressor” para aprovar reformas constitucionais e legais bastante abrangentes, sempre a serviço “dos interesses maiores do País”, é claro, como a abertura, sem critérios, das portas da economia brasileira ao capital estrangeiro, e a antinacional privatização do patrimônio público, com regras benevolentes e muitas vezes com ajuda do BNDES. E as medidas provisórias, que naquela época podiam ser reeditadas, foram usadas com proverbial prodigalidade. Obviamente, tudo isso era obedientemente ratificado pelo Senado, sem nenhum questionamento expressivo. Já ao final do primeiro governo FHC, tal maioria inconteste permitiu, inclusive, que se aprovasse a emenda constitucional da reeleição, com os aplausos entusiásticos dos que hoje se dizem “democratas convictos”, que não levantaram suas vozes contra a denúncia de compra de votos para aprovar a medida que beneficiou o sociólogo tucano e sua turma.
É de conhecimento até do reino mineral que, comparado com aquele governo, o governo Lula teve e tem uma situação politicamente bem mais difícil, especialmente no Senado. Apesar disso, o nosso governo investiu bastante no aprimoramento das instituições republicanas e na articulação entre o Estado e os movimentos sociais, com o aprofundamento da democracia. Fizemos conferências setoriais, envolvendo, entre outras áreas, saúde, educação, segurança pública, e ainda criamos o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, com a participação de empresários e trabalhadores, para a definição de importantes políticas públicas. Ao mesmo tempo, as liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão, foram inteiramente protegidas e promovidas. Essas iniciativas, a adoção de mais transparência e o fortalecimento das instituições de controle, como a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, “seriam ameaças à democracia”, na leitura desses “democratas”.
Saliente-se que a extrema fragilidade da oposição da época de FHC tinha dois sérios agravantes. Em primeiro lugar, vivíamos a hegemonia inconteste do paradigma neoliberal, do pensamento único. Assim, os parcos e débeis protestos da oposição eram sempre rapidamente desclassificados como manifestações “jurássicas” e “neobobas”. Em segundo, a grande mídia, hoje confessadamente um partido de oposição, era, naquela época, um dedicado partido da situação cujo alinhamento aos desígnios governamentais só pode ser definido, a posteriori, como espartano. Curiosa essa queixa da imprensa de hoje, que viveu, com honrosas exceções, sob o manto monolítico do pensamento único neoliberal defendido pelo PDSB e PFL (atual DEM) e agora vem dizer que é ameaçada pelo governo do PT. O PIG virou um verdadeiro PRI: não quer mudanças e julga ter todo o poder para não dar satisfações a ninguém.
Tudo isso é plenamente conhecido por quem tem um pouco de memória histórica. Contudo, há um mistério que permanece insolúvel. Onde estavam os “democratas convictos” naquela conjuntura de intensa “ameaça à democracia”, segundo seus próprios critérios? Por que aplaudiram as fáceis eleições de FHC em primeiro turno e agora dizem que a eventual eleição de Dilma na primeira rodada seria um “desastre para a democracia”? Por que não consideravam a amplíssima maioria política e parlamentar que FHC dispunha no Congresso como um limitador ao exercício da democracia? Por que não se preocuparam com o isolamento e a debilidade da oposição daquele período? Por que não se insurgiram contra a inoperância do “engavetador geral da República”? Por que aplaudiram e ajudaram a promover a criminalização dos movimentos sociais? Por que o pensamento único não foi contestado?
É difícil saber onde estavam os que hoje se dizem “democratas”. Talvez a principal pista nos seja revelada por Dante. É provável que eles estivessem na sexta vala do “Malebolge”, exibindo as suas incômodas vestes de chumbo. Hoje, sem dúvida, estão sintonizados com seus patrões donos das concessões de emissoras e outros meios de comunicação, e claramente comprometidos com uma visão política pequena e distorcida de oposição ao Governo Lula.
De qualquer modo, sua alegre e livre emergência, agora exibindo plumagem específica, talvez se constitua na principal evidência do caráter democrático do Brasil, sob o Governo Lula.
Fernando Ferro é deputado federal (PT-PE), líder do partido na Câmara Federal.
III
"Só quero saber do que pode dar certo/ Não tenho tempo a perder"
Torquato Neto
Thursday, September 23, 2010
Tuesday, September 21, 2010
PEQUENAS CANÇÕES DE LASCÍVIA E AFETO
I
Grupo de homens em mesa de bar vira sempre convescote de meninos, com o melhor que se possa interpretar desta sentença. E o tempo? Homens de hoje, separados pelo tempo, pelos compromissos inevitáveis, pelo ir e vir que a vida moderna parece exigir. Você dá uma piscada de olhos, passa um ano. Dois espirros, cinco anos. A vida é mais breve do que qualquer poema já soube descrever. Por isso, o convescote vira celebração, mesmo efêmera. O que vale da vida é celebrar, ter o que comemorar, entre engarrafamentos, assassinatos, dar-de-ombros à dor alheia, jornais sem texto, música sem harmonia.
Vejo um bar de Botafogo como epicentro da reunião de velhos camaradas, que parecem companheiros de escola, tentando reviver bons e velhos tempos numa hora e meia. Tudo cronometradamente ali, naquela quadra sharonstoniana que avizinha o Estação e seus filmes heróicos, hoje infelizmente degustados por uma meia-dúzia. Muito tempo antes, era um cine pornô: as pessoas gostavam. Agora tem filmes de arte, meia-dúzia aplaude, alguns saem ser compreender o final das histórias. As pessoas gostam, eu gosto. Algumas. Sharon Stone está à solta no visual das garotas moderninhas com visual moderninho e, sem certeza, algo a dizer. Ou apenas o silêncio. Ou o arrebatador desconforto do nada.
Vejo os velhos camaradas naquele espiar de relógios para ver quem mais chegaria ao convescote. Bebericar, falar da vida, dos amores, das perdas. Pequenos acontecimentos do cotidiano que presenciaram e foram suficientes para, de alguma forma, garantir boas risadas rumo à posteridade. A ausência do amigo chato, mas divertido. Mais chato do que divertido, ressalte-se. Justiça é sempre desejável. Meu ouvido é um repórter investigativo. Comentar os tempos modernos, as maravilhosas invenções do homem, a grande tecnologia, a Internet, diferenças gritantes quando comparados os tempos de escola com os de sapato e gravata. E como era antigamente? Tudo era futuro, claro. O amanhã era a prioridade. Hoje, depois dos trinta e muito, dos quarenta e pouco, talvez exista a consciência de certa finitude do ser humano: não somos eternos como gostaríamos; melhor assim. Um deles questiona o formato de Deus; outro diz não se preocupar com isso. Alguém lembra que é possível, mas exatamente como? Se pudesse, daria meu palpite, recheado de desimportâncias. Importante é saber que estão a trocar prosas e prosas e pequenas prosas, assuntos variados que me remetem a pequenas canções de lascívia e afeto. Bob Dylan, talvez. Paul Mc Cartney. Papa Wemba. Outros discos. Nem tudo me soa a antigamente, exceto quando um deles, calvo, desconfia que o camarada ao lado pinte o cabelo para não aparentar grisalhos. Um dia, serei assim.
Parecem cavaleiros numa original távola redonda. Perto deles, noutra mesa, duas jovens mulheres. Uma, bonita. A outra, capaz de causar taquicardia ao primeiro olhar, na melhor acepção possível. Vocês vão entender.
II
Ao telefone, um elemento raro ao grupo finalmente sinaliza: chegará à mesa dentro de alguns instantes. Será breve: cuidar da filha é preciso. O tempo de algumas boas frases e um abraço na turba. Deu tempo para que eu percebesse ser ele um fã de Charles Bukowski, o que parece algo bastante animador, se é que me entendem.
Um deles, do grupo, parece metido com artes, coisa típica dos botequeiros da região. Fala de cinema. Meus ouvidos intrometidos notam sua rejeição ao músico de uma banda e, conseqüentemente, uma ode a outro músico. Tem o nariz adunco do Oriente. Eu diria que se trata de um Woody Allen à espreita de acontecimentos no bairro boêmio. A seu lado, outro jovem senhor, bem mais jovem do que sua eventual carteira de identidade possa apontar, muito parecido com um destes políticos da televisão, assiste a tudo e fala pausadamente. No meio do caminho, diz-se que João Barone, o grande baterista brasileiro, é fã declarado de Ringo Starr e isso poderia parecer um contra-senso, mas não é. Cada um idolatra quem quiser. Neste momento, eles denunciam que são jovens, mas de outro tempo: hoje em dia fala-se menos de Beatles e mais de Fresno, Restart, NX Zero. O rock errou? De longe, penso nos meus discos de jazz cubano e nos que comprei ontem: Strontium 90, a gênese do Police; o quarteto de cordas da UFRJ e a banda-de-um-homem-só: The The. Falei grego?
O homem do telefone chega. Todos se levantam, feito um tributo. Traz a pequena filha à mão. Risos explodem no bar. Coisas de velhos camaradas, creio: ficam dez, quinze ou vinte anos sem dividir um bate-papo mas, quando se encontram, é como se nada tivesse mudado. Chega, ri, cumprimenta a todos, percebe que o tempo é escasso – aí sim, um até-breve como aqueles de antigamente. Noto que ficam de marcar um novo chope, com mais tempo e comodidade. Ele sorri e se despede. Há um sentido da vida neste pequeno ritual.
Na mesa das duas jovens, a mais linda abusa de poses na cadeira-sofá. É senhora e consciente de sua colossal beleza alourada, com cabelos curtos, estatura de um metro e sessenta e coxas roliças, provocativas, instigantes, acolhidas por um vestido três dedos acima da marca regulamentar, cruzadas de forma intermitente. Por vezes, ri; noutras, dispõe de um ar blasé, quase entediado, como se nada lhe interessasse ao seu redor. Eu reparo que ela fita a mesa dos cavaleiros, mas com a maior das discrições – desnecessário dizer que a recíproca é verdadeira, entre espiadas e torcicolos. É linda, sabe ser linda e alva como a lua cheia que inunda a noite.
III
Deus existe, pode existir, algo existe. A mesa não chega a um consenso. Alguém fala de “another brick in the wall”; outro lembra que é a maior junção de baixo e guitarra da história do rock. O grupo está dividido quanto às eleições da próxima quinzena, mesmo que o jogo já esteja decidido, com as devidas cartas batidas à mesa. A divergência é a verdadeira reunião.
Um menininho negro, ao lado da irmã pequena ou parente, pede trocados e os ganha. Gosto de ver aquela pequena solidariedade, mesmo que ela seja um paliativo por minutos. Para quem precisa e espera, uma hora é a eternidade. Nos meus tempos de criança, os menininhos negros também pediam esmolas. Quem considera isso aceitável e normal não é digno da minha compaixão. Duro ver o mundo em suas expressões mais evidentes; daí, minha admiração pelos bravos ex-rapazes que se confortam com lembranças, risadas, opiniões e alguns chopes pela noite desta segunda-feira - eis aqui um outro dos poucos sentidos da vida.
Alguém telefona e tudo indica que é justificativa de alguém por não ter ido ao encontro. É normal: não se pode ganhar todas. Grupo de sujeitos em mesa de bar é assim: chamam dez, vêm cinco. E basta. Mesas muito grandes e muito cheias não comportam conversas coletivas, o que me parece frustrante.
O bar não está cheio. Se fosse o caso, duvido que qualquer homem heteroafetivo ali presente não tecesse loas à continental beleza da jovem de cabelos curtos e alourados, pernas alucinantes e um vestido curto que abastece desejos quase extraterrestres. Ela, pela terceira ou quarta vez, se levanta para ir ao toalete. Não resisto: quero vê-la de perto. Se meus cálculos forem bons, sairemos cada um de seus banheiros ao mesmo tempo, serie gentil ao deixá-la usar a pia unissex primeiro e, com isso, assegurarei meu direito de ver aquela estátua de carne terna bem de perto, por trás.
Confesso que meu diploma se fez bastante útil, ainda que somente por um fetiche masculino bobo, já que nada acontecerá além daquela admiração momentânea. Ou aconteceu, ou aconteceria. Compreendo que beijá-la integralmente, de cima a baixo, pode ser o paraíso... inatingível.
IV
Conta fechada e paga, todos com seus possantes cartões de crédito e débito, ainda gastam um tempo pós-bebedeira para trocarem mais prosas.
Subitamente, um furacão chamado mulher passa em definitivo pela mesa, trazendo inspirações e deixando saudade. A loura linda, provocante e visualmente saborosa vai embora, junto com a amiga que não é de se desperdiçar, mas infelizmente desaparece do cenário diante do monumento ao lado.
Um silêncio de morte. A beleza cerrou portas, mas a vida continua.
Velhos camaradas se abraçam. É hora da despedida. Hora de volta à realidade, até um novo encontro, novos chopes e, quem sabe, uma outra mulher linda a servir de colírio para o ambiente.
Seguem juntos até a direção da estação do Metrô, quando os perco de vista. Do jeito que pareciam à mesa, não duvidarei se um deles quase arrastar o outro trem afora para navegarem pela noite subterrânea do Rio de Janeiro, somente pelo prazer da companhia e nada mais.
Antes da última visada, percebo que quase todos carregam mochilas. Ao longe, me lembram uma turma de faculdade que muito curti, noutros Brasis atrás. E isso é bom.
V
Meia-noite já era. Ninguém me ligou.
A sala está vazia, exceto pela minha presença e pelo som do Strontium 90 no aparelho, mostrando o que o Police viria a ser um dia: espetáculo.
Leio um caderno cultural de algum jornal paulista.
Um escritor escolhe suas dez canções preferidas e fala do Pink Floyd como “a maior banda de todo o rock”. Tem propriedade.
A lua cheia da Cruz Vermelha é a mesma de Botafogo: ansiosa, exuberante, expressiva.
Cogito rever a beleza daquela linda mulher no bar. Uma rainha frente a seu império. Um boteco de Botafogo, mas imperial da mesma forma.
Uma frase em inglês me vem à cabeça: “There’s no more bricks in the wall”.
Quero fazer sentido. Em um outubro qualquer.
Paulo-Roberto Andel, 21/09/2010
Friday, September 17, 2010
Friday, September 10, 2010
NOTURNO
quando anoiteço
não me
mas ti go
nem
des aconteço;
o negrume da noite
alimenta os sonhos
os sexos
a fantasia
e nenhum açoite:
eu passo ao largo
um estranho viajante
que sorri
sem celebrar
a boa madrugada
porque prefere recitar
bom-dia!
nem que seja
por um instante
alguém discursa ao telefone
alguém cobiça o sono
dos justos:
meu bate-ponto
é na cabeça
na calçada de idéias
no ir e vir da palavra viva
e tudo me soa
sem qualquer susto
sem juros –
o que não quer
dizer
alforria
Paulo-Roberto Andel, 10/09/2010
não me
mas ti go
nem
des aconteço;
o negrume da noite
alimenta os sonhos
os sexos
a fantasia
e nenhum açoite:
eu passo ao largo
um estranho viajante
que sorri
sem celebrar
a boa madrugada
porque prefere recitar
bom-dia!
nem que seja
por um instante
alguém discursa ao telefone
alguém cobiça o sono
dos justos:
meu bate-ponto
é na cabeça
na calçada de idéias
no ir e vir da palavra viva
e tudo me soa
sem qualquer susto
sem juros –
o que não quer
dizer
alforria
Paulo-Roberto Andel, 10/09/2010
Friday, September 03, 2010
ALGUÉM SABE DIZER...
(clique na imagem para ampliá-la)
... o que significa isso?
Bom, então uma linda amizade entre parentes dos Srs. JOSÉ SERRA e DANIEL DANTAS?
É isso?
Infelizmente, quem vota no PSDB em nome da "ética" e da "moral" - e não da "plataforma política" - acaba sendo reduzido a uma expressão vulgar.
Otário.
... o que significa isso?
Bom, então uma linda amizade entre parentes dos Srs. JOSÉ SERRA e DANIEL DANTAS?
É isso?
Infelizmente, quem vota no PSDB em nome da "ética" e da "moral" - e não da "plataforma política" - acaba sendo reduzido a uma expressão vulgar.
Otário.
Paulo-Roberto Andel
Thursday, September 02, 2010
OS HORIZONTES DA ESPERANÇA
Os horizontes da esperança
02/09/2010 - 08:18
Por Mauro Santayana - Jornal do Brasil
Quando os homens se tornaram eretos, a visão dos horizontes os impeliu a caminharem sempre em frente. Adiante, no desconhecido, há surpresas, aventuras, alguma coisa que faz a vida mais agradável ou mais plena. Sendo uma astúcia ótica, a linha, que segue adiante, quando a buscamos, é apenas uma referência no espaço. Nada nos pode garantir que ela nos possa servir a glória, ou a fortuna.
Os campos petrolíferos do Oriente Médio têm sido horizonte norte-americano desde a Primeira Guerra Mundial. Ontem, com a retirada de grande parte das tropas enviadas por Bush ao Iraque, o horizonte se abateu, mas não definitivamente. É certo que os norte-americanos, cerrada a passagem do Iraque, como se vedará, em breve, a do Afeganistão, irão usar outras armas para o domínio da região.
Milhares e milhares de pessoas, entre elas, soldados invasores, morreram e se tornaram inválidas, para que, depois de tantos anos, os estrategistas se convencessem de que o horizonte era ilusório. Enfim, lutaram, mataram, chacinaram, morreram, para nada. Deixam o Iraque levando como troféu a miserável glória de terem mandado enforcar Saddam Hussein, e deixando no país a perspectiva de um acerto de contas brutal entre sunitas, xiitas e curdos.
Na linha do horizonte abrem-se as miragens, com seus lagos sedutores. Nela, como na bela descoberta de El Greco, a perspectiva se altera, para que todas as coisas pareçam maiores. Dois jovens mineiros – se outros não houver entre os mortos de San Fernando – abandonaram os horizontes próximos, mais seguros, e, iludidos pelo sonho americano, ouviram o canto dos traficantes de ilusões. Viram o mundo desabar, antes mesmo de pisarem a terra que lhes prometeram. Talvez não conhecessem a advertência de Vicente de Carvalho, de que a árvore da felicidade deve ser posta onde nós estamos, e não alhures.
Mais triste ainda é a saga dos rapazes do Maranhão, levados a prostituir-se na Espanha. Havia horizontes promissores mais próximos, nas novas fronteiras econômicas de um Brasil que cresce, mesmo no Norte e Nordeste. Eles se deixaram iludir pelas distorções da perspectiva, e viram na Europa o seu futuro. Talvez, ao voltarem ao Brasil, a vergonha os impeça de retornar às suas cidades, às suas famílias, aos seus amigos. É provável que, no regresso, descubram o imenso e fascinante mundo de oportunidades de trabalho, empreendedorismo e aventuras, que a pródiga diversidade do Brasil guarda para os que nele quiserem plantar suas esperanças.
Não se menospreze a grande revolução que o Brasil vive, neste momento. Descobrimos, ainda a tempo, que o mercado mais seguro é o interno, e que, sem empregos e salários, não há o necessário consumo que o crie. Ainda continuamos sendo um dos países de maior desigualdade social no mundo, mas o pouco de renda que se redistribuiu, nos últimos oito anos, já alimenta o processo de revolução social que estamos vivendo.
Ao combater, com êxito, a fome – a partir da política emergencial da ajuda direta aos mais pobres – o Estado abriu o caminho da esperança aos marginalizados em toda a história do país. Como lembrou, há mais de 40 anos, o jornalista Franklin de Oliveira, nascido no Maranhão, não é o desespero que faz as grandes revoluções mas, sim, a esperança. A esperança da dignidade, em primeiro lugar. Essa revolução se encontra em marcha, e ninguém será capaz de interrompê-la, como fizeram em 1954 e em 1964. E em 1995, com a adesão do governo ao famigerado Consenso de Washington.
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