Translate

Saturday, February 18, 2023

cotidiano

A opressão mata. Humilha. Tortura. Destrói sonhos. Em todo o mundo, centenas de milhões de pessoas são oprimidas, humilhadas, desgraçadas. Num planeta lindo, de geografia maravilhosa que não pode ser vivida por quase ninguém. Centenas de milhões de pessoas que mereciam as artes, os esportes e a natureza, mas só possuem humilhação e indignidade. 

Salvo situações excepcionais, o mundo é determinado pelos berços. A trajetória de cada um vem da fonte e é muito difícil mudar. Gente que nunca fez mal a ninguém morre em guerras as mais variadas. Gente que precisa de tão pouco tem suas mãos estendidas em vão, sem qualquer espécie de afago. 

As pessoas não passam de números. Números para comer, para consumir, para pagar impostos, para votar, números para estimar, números para fabricar números que alimentam outros números. Números para se usar e jogar fora quando forem desnecessários. 

Chegamos à varanda do século XXI. Enquanto pouquíssimos usufruem do conforto da tecnologia, a multidão vive como no século XIX, humilhada e faminta. 

Levamos cem anos para tirar os escravos das senzalas e jogá-los nas mãos da milícia em conjuntos habitacionais. Ou carregando caixas de comida que nunca poderão comer. Enquanto bilionários contratam passeios extraterrestres, o povo é humilhado por situações degradantes que nunca se alteram significativamente. 

Milhões e milhões de pessoas só querem uma pequena esmola, um lugar para viver honestamente, mas só recebem socos na cara, chutes covardes, escrotidão, indiferença e desprezo. Se tiverem sorte, conseguem até um bom dia e algum níquel. Se não, tudo pode ser muito pior a depender da cor da pele, do peso, da orientação sexual e por aí vai. 

Não é preciso ter formação em ciências exatas para perceber o completo desalinhamento matemático do mundo. Basta um pouco de vontade e bom senso.

Há quem se incomode com este tipo de fala. É mais cômodo pintar o mundo de azul, mas apenas isso. Não dá para fingir que a Terra não tem um imenso cinza. 

No comments: