Enquanto o Flamengo jogava e perdia, cismei de ouvir Lou Reed cantar “Walk on the wild side” várias vezes. Ao mesmo tempo, ver um álbum antigo de fotos, perdido em cima da arca, que minha namorada reclamou por exisitir; Eram moças bonitas nas fotos, cerca de 1990. Os tempos são outros. Éramos jovens, o futuro era uma rodovia pela frente. Lou Reed cantava o lado selvagem da grande cidade desde 1972. Nasci em 1968. Tudo cheira a atemporal.
Os sorrisos eram cativantes. Ana, Lu, Martha. Danielle era linda também, mas com um rosto angular, sério. Viajávamos, almoçávamos, havia flertes, era um coletivo rico e empolgante para se adentrar na vida adulta. Noutra foto, Gerson e Ricardo parecem tristes. Imbuzeiro e Sirufo, não – nunca! Os velhos camaradas da faculdade. As belas mulheres. Tatiana à parte, sempre. Giovanna também, que era linda e bailarina idem Juliana. Só a vi duas vezes, deve ser coisa das bailarinas. Nunca mais me esqueci; agora era 1995.
Lindas garotas de biquíni em indescritíveis mares de arraial. Mesas de bar com os intelectuais. Tiba seqüestrado e com seu cativeiro no balanço de um jardim. O sax solitário do fim da música de Lou Reed. Miscelânea que talvez agradasse a um gigante feito Ítalo Rossi. No fundo, no fundo, bastaria uma foto de Juliana. “I´’m going hard to take a walk on the wild side”, era mais ou menos isso o que eu gostaria de dizer, mesmo que não sejamos Nova York, mesmo que tudo seja apenas ilusão, passado e desesperança. Gosto de ouvir Reed, lembrar de Tatiana, pensar em Juliana, ver toda a grandeza do minúsculo legado que construí com aqueles amigos de outrora – fotos, imagens, pequenos momentos que, conforme ensinados pelo meu querido mestre J.J. Serra Costa, não passam de uma distribuição binomial sem reposição.
É que são tempos modernos. O Flamengo perdeu. O Fluminense também.
Lá fora, o Rio ruge.
Feliz aniversário.
pra101312
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