Foi lá que passei muitos dos meus momentos mais divertidos, alguns inclusive dentro de sala. Um dia farei um livro a respeito. Pois bem, eu estive lá de 1988 a 1994 e me deu um vazio tão grande na saída que resolvi fazer Matemática, só para prolongar minha estadia - isso durou pelo menos mais um ano e meio e me deu outras histórias suculentas. Numa bela noite de 1996, eu espiei uma sala cheia, o hall vazio, já não conhecia bem os rostos e decidi ir embora para nunca mais voltar. Relutava, é claro: imagine você deixar pra trás a sua juventude, mas era o que tinha de ser feito. E fui embora do jeito que cheguei: calado, sozinho, sem saber os próximos passos. Ainda lembro de tudo.
Foram tempos incríveis. Devo muito à UERJ, inclusive a minha própria sobrevivência até aqui. Ok, já podiam ter me chamado lá para falar de Fluminense e Rio de Janeiro, mas tudo bem. Segue o seco.
Curiosamente, em todo aquele tempo jamais peguei greves. Paralisações da universidade, várias. Ocupação da reitoria, muitas. Uma vez precisei ser primitivo na Alerj, mas eu precisava muito da faculdade e, se pensar no que a Assembleia se tornou, tive razão em tacar umas pedrinhas. Faz tempo. A política fervilhava. Eram as eleições estaduais, municipais, a infeliz nacional de 1989 (semente de muita coisa que vimos em 2013 e, posteriormente, em 2016). O fato é que a UERJ era uma ebulição mas tudo se resolvia pacificamente, pelo menos no lado físico da questão. Segurança esmagar aluno, o Choque invadir o campus e prenderem um deputado arbitrariamente são barbaridades que jamais vi em meu tempo - e eu vivi aquele lugar dia e noite por anos a fio.
A inabilidade política que começou no próprio descarte dos alunos desabonados, culminando com a intolerância do desgoverno de Cláudio Castro, reeleito para ser o pior governador do Rio, demonstram bem o caos que vivemos no Estado, disfarçado por algumas estatísticas nacionais.
Sim, a Universidade precisa funcionar e era preciso resolver o impasse, mas nunca à base de truculência autoritária, a mesma utilizada contra populações carentes enquanto a milícia deita e rola. O que aconteceu ontem na UERJ, símbolo de nossa cidade-estado, é uma página vergonhosa do início ao fim. E a Reitoria, que se satisfez com a reabertura sem se importar com os meios, terá um preço político caro a pagar. O lugar dos dirigentes acadêmicos é ao lado do alunos e do povo, não em alinhamento com a violência e a opressão.
De longe mas nem tanto, torço pela UERJ. Sigo torcendo.
@p.r.andel
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