Hoje, parte do Brasil acordou com a sensação imaginária do cheiro do sangue podre de cadáveres mutilados, decompostos, abandonados.
O sangue podre que se tornou o último resquício de vidas ceifadas criminosa e brutalmente pelos que entendiam ser os donos do Estado brasileiro.
A carne podre de corpos amontoados e destroçados, muitos deles no sanatório de Barbacena, espécie de Auschwitz mineira. Para lá, milhares e milhares de brasileiros foram enviados rumo à morte pelos motivos mais bárbaros e irracionais, especialmente a partir de 1964.
O sangue podre do golpismo ditatorial, intolerante com qualquer insucesso seu nas urnas. Sem vitória pela democracia, que o golpe prevaleça. Os fins justificam os meios torpes.
Numa atitude já esperada – mas não menos abominável por isso -, as corporações Globo e Veja tentam sustentar não apenas uma denúncia de corrupção, mas uma sórdida interferência no processo eleitoral brasileiro, tentando confundir os eleitores para que os dados das atuais pesquisas de opinião não se confirmem na votação do próximo domingo.
Pior: a criminosa defesa do impeachment da presidenta Dilma com base em acusações não comprovadas e que, também de forma criminosa, tem sido vazadas de forma leviana e irresponsável.
Engana-se quem pensa que as próximas horas serão apenas um debate entre esquerda e direita, com toda a elasticidade desses conceitos.
Trata-se de uma luta da legalidade contra o golpismo.
E dos interesses do país contra vantagens pessoais de saudosistas das capitanias hereditárias, ressaltando-se que este mesmo país tem mais de 200 milhões de habitantes, não se limitando a regiões locais como o Itaim Bibi, a Savassi ou o Baixo Leblon, menos ainda o famigerado Village Mall.
Ou de dilapidar os bilhões contidos no desenvolvimento da Petrobras, nos financiamentos habitacionais e estudantis da Caixa e do Banco do Brasil, nos mesmos moldes já denunciados amplamente por Amaury Ribeiro Jr., detentor de quatro prêmios Esso de jornalismo, em seu definitivo livro “A Privataria Tucana”.
Outra mentira contumaz é vender falsamente um novo cenário econômico num país que tem crescido, passado ao lardo de uma grande crise mundial, tendo gerado milhões de empregos na última década. A grande diferença de condução política entre PT e PSDB está em dois pilares essenciais: a prioridade do capital trabalhista sobre o especulativo e as politicas de emprego mais inclusão social, que definiram a mudança do perfil do Brasil em boa parte deste século XXI.
O que o consórcio Veja/Globo tentou impor hoje a milhões de brasileiros foi a sugestão da necessidade de um golpe, única forma de reconquistarem o poder e os financiamentos de outrora, quando foram lenientes com atrocidades praticadas pelo Estado brasileiro durante a ditadura cívico-militar 1964-1985.
Ou ainda na ascensão e queda de Fernando Collor, um período ainda sob sombras na história do Brasil.
Ou a anuência com a inacreditável aprovação da reeleição com o próprio presidente à época se beneficiando diretamente da mesma, sem precendentes no mundo democrático.
Hoje à noite, a Rede Globo tentará fazer a sua parte, a de sempre.
Um gênero, um time, uma elite.
Um gênero, um time, uma elite.
Não é mais uma disputa para os próximos quatro anos. Não há mais como editar debates.
Na verdade, trata-se de uma luta para impedir que 2015 retorne a 1964.
A luta para que o cheiro imaginário de sangue podre não se torne uma verdade ditatorial.
Desde sempre, Veja e Globo são inimigos do país, da democracia e da justiça social.
Desde sempre, Veja e Globo são inimigos do país, da democracia e da justiça social.
@pauloandel
Em memória de Leonel Brizola
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