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Thursday, June 05, 2014
o dorso do mundo
eu não consigo entender o mundo
mas tento escutá-lo
ou ler seus poemas breves
os cochichos
- fotografias da alma
- tons de canções que acalmam
eu não consigo avançar no mundo
cheio de mares de rancor
a gente que detesta gente
na solidão das multidões
vamos nos despir da hipocrisia!
- um soco poderoso do queixo duro e covarde da hipocrisia!
os boçais sentem-se à vontade diante da miséria do mundo
e escarram modernidade pois o ranço colonialista incomoda-lhes
ao ventre vil
eu não consigo abraçar o mundo
mas beijo-lhe a nuca, o ventre
os rijos bicos dos seios
e namoro com fúria juvenil
até que goze e torne-se
planeta - e só o que importa
num momento de prazer
efêmero
as calçadas do mundo repletas de sofrimento
grandes corporações a serviço de pequenos interesses
deslumbrados, recalcados
e tão estupefatos testemunhamos
que o caos do caos é pouco
diante da violência maior:
a distância
a indiferença
o céu mais belo dos mortais
e minha tristeza
numa noite de junho:
estou longe
longe demais
do mundo - meu sonho à toa
desmaiado em pobres lençóis
de silêncio
profundo
@pauloandel
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