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Thursday, May 02, 2013

Fascículos


A

quase todos dormem noutra rua e não existe pecado/ somos uma enorme madrugada/ enquanto as pessoas riem nas mesas da taberna/ e dois olhos infantis me namoram / e meus dois olhos de jabuticaba mansa replicam romance/ vamos aceitar nossas contradições/ já que a vida é agora/ e não vale perder tempo pelo que não comove nem faz sonhar/ são pessoas numa taberna e meus olhos se fazem juvenis/ eles também namoram uma menina com gosto de mel/ hum, madrugada que mal começa/ e já somos de novo tão jovens, jovens, jovens refazendo amor


B

não chores pelo que não foi
não fez e mal existiu
não chores pelo vazio
pelo que nunca passou de sugerido
não chores pela hipótese -
o real sempre virá acima
não chores, não chores:
o amanhã é outra promessa
e quando menos se espera
qualquer desamor se ajoelha
diante de um novo ardor:
chama que explode nos céus
em plena noite de idílio
uma rainha despreza um trono
uma princesa que se avizinha
com jeito tão ameno


C

maio/ que ainda guarda o outono no colo/ e lá vão os comunistas/ para as ruas de Havana/ eram tão oprimidos, massacrados, feridos/ que fica difícil entender porque abarrotam a grande avenida/ há quem os chamem de atrasados, perdidos, ignorantes/ mas os comunistas respondem com um sorriso nos lábios/ uma bandeira vermelha ao vento/ e a certeza de que a liberdade é o caminho/ que jamais será aberto/ pelo coração das grandes corporações econômicas/ números não são gente/ maio tem corações partidos e promessas distantes/ o final mora longe/ os comunistas estão nas ruas/ com seus corações pulsantes e um calor de solidariedade imortal


@pauloandel

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