Translate

Saturday, December 11, 2021

monarco

Por mais que o tempo não pare, com Monarco isso parecia acontecer no melhor sentido. Ele era a perenidade e a elegância do samba numa só pessoa. 

Sua morte é também a morte de parte da cidade, a cidade de raízes profundas no samba de classe, no querido America; na cidade de antigamente que, rapidamente postada às nossas vistas, resgata o que já tivemos de melhor. 

Não é exagero dizer que a morte de Monarco está para o samba como a de Miles Davis para o jazz ou John Lee Hooker para o blues, só para falar de três homens negros do tamanho do mundo, grandiosos, definitivos. 

Desde criança eu o conhecia de casa, pelos sons de meu pai, portanto nunca soube o que é a vida sem ouvi-lo. Tudo nele era coisa de elegante, de lorde: o vestir, o falar e o cantar. Felizmente, ainda muito vivo, teve em Zeca Pagodinho - outro monstro - um intérprete de primeira, que espalhou sua música por todo o Brasil. 

Tudo tem seu tempo e infelizmente chegou o dia. Contudo, ao contrário do maravilhoso samba de Paulinho da Viola - outro monstro -, não se trata de um rio que passou em nossas vidas. A arte de Monarco permanece: ela é rio de margens e profundeza colossais. 

@pauloandel

No comments: