diante do espelho, o homem
falso sorri: ele jamais se engana
consigo mesmo
- eu não me minto!
e saboreia sua nobre decadência
a certeza de sua mediocridade
enrustida em poses e sentenças
então gargalha
percebendo toda a inútil farsa
não há rancor que sustente a alma
mas disfarçar é por demais preciso
o homem falso encarando sua mentira
e sabedor de que vive os tais dez anos
em vão e com velocidade descomunal
enojado de si mesmo e de todos
apontado como um deus opaco e só
preparando frases, contando caos
até que tudo vire literatura crua
o autor não importa:
o homem falso é uma pátria de certezas,
todas elas no vão da história.
o homem falso é a sua máquina mortífera
espionanando a mentira que lhe humilha
@pauloandel
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