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Saturday, March 21, 2015

idiota (um copo de cólera)

estranhar os donatários da hipocrisia falida, incapazes de ver o mundo além de seus próprios desejos e raciocínios
são tão imponentes, sempre com espaçosos sorrisos debochados
o outro é um idiota
idiota
autossuficiência derramada na indiferença sobre a cor das ruas
quem deixa suas mãos estendidas ou recolhidas
se dorme ao relento, deve ser um idiota
paladinos da ética seletiva, da memória conveniente, a desfraldar grandes ensinamentos das orelhas de livros
quem não leu é um idiota
o sono tranquilo na cama confortável que o pai comprou, a mãe sustentou e o avô ajudou -
quem não tem é um idiota
proprietários de todas as respostas, cavaleiros das grandes soluções, gênios da raça escondidos atrás das páginas abertas
de um jornal de merda, merda
páginas abertas e letras difusas
quem não abriu é um idiota
a pior mendicância está na alma:
a vida é muito além do pensamento individual
quem não vê o outro como peça integrante do mundo enxerga de mal a pior
bate panelas sem fome
vê democracia no fim das regras
e rumina um país melhor sem combater a própria mediocridade
a mediocridade
qualquer fascista clean faz-se um intelectual importante
repetir as velhas falácias para justificar ódio, rancor, divisionismo -
a memória é uma ilha de edição!*
pensar nos outros por quê? é problema de Deus
rezar pela morte das capitanias hereditárias
a morte do quinto e a abolição da escravatura
quem reflete é um idiota!
mil vezes idiota
eu mesmo sou chamado de imbecil e rio: a estupidez de quem me ofende cabe num copo de cólera
enquanto sou o ballet
da imensidão do meu amor
que dança, disfarça e chora**

@pauloandel

*waly salomão
**cartola

1 comment:

Felipe Fleury said...

E quantos copos de cólera há por aí, cheios, a transbordar...