Menos de dez dias depois de uma derrota eleitoral que muito irritou seus patronos e financiadores, parte significativa da imprensa brasileira convencional voltou a fazer o que mais sabe: criar factóides.
Por representarem um segmento social alheio ao aceite democrático do resultado das urnas, a imprensa agora tenta impor “graves mazelas” à vida brasileira, como a patética condenação do ENEM (que, no fundo, sempre desagradou ao PSDB pela evidente insatisfação de representar uma perspectiva de não-colonização das classes sociais menos abonadas, agora com acesso ao ensino superior) e o fenomenal “escândalo” envolvendo Silvio Santos. Em ambos os casos, os dados disponíveis revelam clara contradição entre o que realmente aconteceu e o que se lê nas manchetes. Tentaram o “escândalo” do IDH e não deu certo. Curiosamente, tudo isso acontece não somente no momento em que o PT confirma a vitória nas eleições presidenciais, mas também quando a mais poderosa rede de comunicação do país – com forte ascendência sobre as demais - recebe violento golpe do CADE num de seus tesouros mais bem-amealhados: a transmissão dos jogos de futebol, que gera verbas bilionárias de publicidade nos caríssimos anúncios comerciais. Não é nenhum delírio afirmar que a fábrica de factóides, tão bem-engendrada pelo ex-futuro líder político da oposição no Senado brasileiro, César Maia, à época de seu período como prefeito da cidade do Rio de Janeiro, cause espécie entre seus pares jornalístico-televisivos que, incomodados com a perda de lucro bilionário que possam vir a ter, partiram para uma situação de enfrentamento constante em prol da “verdade e da justiça”.
Não é a primeira vez, nem a segunda e nem a décima em que, incomodada por qualquer tipo de ameaça ao seu reinado, a rede líder e seus peixes-piloto avancem com fúria de tubarão contra governos. Leonel Brizola sofreu isso na pele, Lula também. Se pensarmos bem, uma reflexão profunda sobre um tempo sombrio da vida brasileira é necessária; o que fez as forças que fabricaram e elegeram Fernando Collor de Mello com presidente voltarem-se contra ele menos de três anos depois? Um automóvel? Não somos tolos em corroborar essa tese – a própria mídia tenta forçadamente aproximar Collor de Lula, como se ela nada tivesse a ver com o “Caçador de Marajás”. Algo fede a peixe, ainda não desnudo em sua decomposição. Para culminar, o completo temor exibido em telejornais contra marcos regulatórios da profissão jornalística, tidos com “censura ditatorial” em contrapartida ao verdadeiro golpe de Estado que tentaram impor neste ano de 2009. Difícil dizer até onde vai a ignorância ou a ma-fé nesta questão: nos países mais desenvolvidos do planeta, poucos jornalistas poderiam fazer em público o que fizeram com Lula nos últimos oito anos. Ninguém foi censurado. Querem fazer crer que liberdade e libertinagem são a mesma coisa. Qualquer profissional superior tem sindicatos a lhe representar, conselhos aos quais presta contas financeiras e pode ser até impedido de exercer a profissão em caso de ferimento à ética ou aos princípios básicos do diploma que obteve. Jornalistas estão acima da lei? Não. Devem ter toda a liberdade de se manifestarem livremente, desde que não afrontem princípios constitucionais – o que têm feito de forma incessante.
Que imprensa é essa?
A que pretende a ampla discussão do país ou a golpista, entreguista, representante dos que traíram o Brasil em 1928, 1932, 1954 e 1964?
Aos brasileiros de bem, a reflexão.
3 comments:
Brilhante, amigo querido. E os patrões faturando cada vez mais... . Se fosse o presidente, faria uma auditoria nas contas de uma "grande empresa". Beijosss
Cheguei ontem de BH.Sugei à Dani um capuccino para conversarmos (nós 3). :)
AmiGO,
Por isso gosto tanto da definição do PHA sobre a nossa grande imprensa, e que não é nem um pouco exagerada...
Bjs!
AmiGO,
Por isso gosto tanto da definição do PHA sobre a nossa grande imprensa, e que não é nem um pouco exagerada...
Bjs!
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