Lira carioca
o carioca
varre a tristeza para debaixo da ponte
e sobe a favela em busca de chão
o carioca
é o petisco de carne na feira de sábado
enquanto não encara o engarrafamento
da avenida rio branco
uma nova passeata
com restos mortais de chocolate ao chão
o carioca
é o fãnque no pagódi que deságua
em dia de jogo no maracanã
e segue entrincheirado, tenso
fugindo das balas perdidas
por meio de um pôr de sol mais felix
o carioca, tão carioca
segue vivo no rente sorriso da mulata,
enquanto tenta escapar da multa,
imerso no doce lamento do chorinho
entre cândidos temas
o carioca reza esperança
mesmo que seja a da mão de mãe
estendida na calçada, desesparada
o carioca plagia o gato
e abusa de sete vidas, sete anos
em mesa de bar, numa noite
até que a madrugada nasça leve
e seja premissa de boa companhia
paulo-roberto ândel, 25/05/2007
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