minha liberdade é tonta,
é bêbada e torta
escora-se pelos cantos,
pelas vielas baixas
e, num beco de curta saída,
vive entorpecida
para não encarar o vil,
a torpe realidade
minha liberdade é cidadã natimorta
realidade é a natureza morta
ausente da liberdade tão ansiada
e que só vive nos sonhos fugazes
desejos cristalizados quando sou tonto,
bêbado e torto, morto e vago
eu sou minha frágil realidade
e resta-se a singeleza do cárcere
estou isolado por grades que não se vê
e guardas que não se nota muito bem
um dia novo traz anunciação
estou cego para a alforria
tão cego quanto o abraço que promete
mas não me aquece
tão surdo quanto o beijo que se molha
mas não me deságua
eu sou minha liberdade
Paulo Roberto Andel, 04/05/2007
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