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Friday, March 09, 2007

Dois amores do Atlântico Sul

I)

Houve um dia
Em que fizestes chuva de prata
No espelho d'água que beijou Copacabana, cândida
Enquanto o sol era nosso ardor
Nossa bênção, lúcida
Eu repousei
Para fazer do meu coração o teu
Teu berço esplêndido
Canto das sereias, lembranças
Cicatriz e dor de amor
Há de haver um dia
Que farei da tua prata
Meu ouro branco de pote
Abrilhantando o luar
Deleitando-me no gosto leve
Açucarado, preciso
De te reencontrar, tão minha
E beijar-te, beijar
Até que o mesmo dia
Seja sintoma de eterno
Vire século, milênio
Todos os tempos, aconchegantes
Para ficar mais junto de ti
Minha chuva de prata
Meu pote d'ouro
Quero tudo que sirva
Para ver-te novamente em mim
Serena e permanentemente
Filha

II)

Dá-me tua mão, teu calor
Dá-me teu beijo
Que traz afago em minha face
Teu abraço que não cessa
Teu carinho infalível
Redivivo, definitivo incenso
Dá-me tua companhia querida
Longe da colina imprecisa
Que nunca servirá de amparo
Nem quando o sol incendeia
A tarde duma quinta de verão
Minha, mãe tão minha
Dá-me tua cor, tua voz
Teu colo de alicerce
Dá-me teu sorriso sem par
Perfeito ser
Dá-me tua presença
Teu caráter, vigor
Rigor de humor cativante
Dá-me tua mensagem
Um sinal, uma passagem
Para que eu possa buscar-te
Dá-me tua mão, teu calor
Na porta do palácio branco
Oxalá
Meu amor

(Dedicado a Maria Isaura, sua mãe e a minha)


Paulo Roberto Andel, 05/03/2007

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