Quando dei por conta, eu não estava mais ali
Éramos muitos na companhia, todos falantes, felizes
Meu silêncio se fazia de voz aguda, translúcida
Transportada para a calma infinita
No vazio que era pura presença e pertinência
Havia algo de feliz no semblante da moça
Decerto não sei descrever na plenitude
Mais que bastante, por mais de um instante
Contagiado fiquei, solidário e participante
Não era a mudez que me restringia do ato
Pois fato era que eu permanecia
Com a chama ardente em meu coração
Houve um momento fora de propósito
E poucos foram dos mais atentos
Foi relento que nos deu testemunha
E carinho nos serviu de guarita
De repente, veio um rompante
Dois lábios que avoaram ligeiros, acesos
Feito aves em bando, para meu espanto
Quando dei por conta, eu não estava mais em mim
Era toda praça, cada pedaço, todo lugar
Toda estrada de batida terra, paz e guerra
Sóis e céus por detrás dos véus
Meu lugar era dela, por ela
Presente sentinela
A guardar o melhor do amor.
Paulo Roberto Andel, 10/07/06
1 comment:
Veja que andei perdendo. Só hoje vi a página de recados do A.Machado no orkut e conheci o teu blog. Virarei leitor assíduo. Faltou divulgação. Abraços.
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