Meu
querido amigo Russ, como andam as coisas?
Espero
que bem, em algum lugar que não sei dizer.
Aqui,
uma confusão enorme. Tenho sentido algumas dores, nem todas as pessoas são como
parecem ser, outras coisas vão bem demais. Acho que estou triste, mas também
feliz. As confusões de sempre, você deve imaginar.
E
Dona Delfina?
Tem
falado com Dona Luzia? Meus pais?
Ontem,
exatamente ontem, segui uma das tuas lições à risca. Confesso que ri, mas não
deveria. Talvez tenha rido mais por lembrar de ti do que pelo rol de atos em
si. Mas foi divertido. Uma noite de Xuru num bar com direito a sete anos de
vinganças. Talvez você se lembre da história. O final não foi feliz mas o império contra-atacou como nunca.
E
o Vascão? Mais ou menos, não é?
A
corja nunca deixa de falar do teu carro inesgotável, levianamente – ou não –
apelidado de travecomóvel. Sempre o mesmo caso, quem mandou você não confessar nada?
E
o Fred, alguma notícia? João Carlos? Macedo? É tudo verdade?
Bom,
andei escrevendo alguns livros de futebol e queria que você soubesse que
escrevi um outro, de contos, onde você é o personagem principal. Nada de
palavrões: apenas a verdade ipsis literis. Mas acontece que não gostei do
resultado final e ele será reescrito até o primeiro semestre do ano que vem,
assim espero. E vou contar praticamente tudo, ficção e realidade beijando-se na boca sem parar.
Estranho
hoje não ser um dia de dor. Onze de setembro.
Quando
voltei de São Paulo e você tinha ido embora para sempre, é certo que eu chorei.
Mas
depois destes oito anos, parece que você sempre esteve aqui. Não sei dizer ao
certo se é apenas confusão mental ou se tem algum sentido lógico, justo na
minha vida que já tem confusão mental demais.
Parece
até que não mudou quase nada, exceto que nunca mais bebemos chopes
intermináveis no Sasso, o carro nunca mais passou pela Atlântica zero hora e eu
nunca mais fui ao Siri da Ilha. Volta olímpica de Santo André, nem pensar.
A
Pepsi está bem, encontrei-a outro dia com Wal, Epo, Ana, Chris Nunes, Lys, todo
mundo perto da Praça da Bandeira. Você iria gostar.
A Barbarazinha lembrou do troncomóvel. De vez em quando vejo o Bernardão. Leilah comentou da tua vibe. Moraes é a mesma coisa.
Enfim,
se é que faz algum sentido nisso tudo, quando puder mande um sinal de fumaça.
Ou
uma risadinha.
No mais? Somos todos rameiros!
No mais? Somos todos rameiros!
P-R
@pauloandel
Rubens Nunes Carvalho (29/12/1970 - 11/09/2005)
1 comment:
O sanduíche do Cervantes, na boca da madrugada, também não tem mais o mesmo charme...
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