Por
absoluta sorte, tenho acompanhado a trajetória de Elika Takimoto bem de perto
desde fins do século XX. Perto daquele tempo e pouco depois, ela se esfalfava
para cuidar de duas crianças, seus filhos Hideo e Nara (Yuki, o terceiro, só
viria mais tarde), da casa, do marido, dos estudos, do trabalho como professora
e mantinha sob absoluto sigilo um talento que o tempo tratou de desvelar para o
Brasil: o de uma escritora de mão cheia, uma memorialista de marca maior, digna
de Zélia Gattai (com quem manteve contato, aliás).
De lá para cá, o que já era ótimo só
melhorou: não bastasse se tornar uma autora reconhecida e premiada, Elika avançou
em todos os sentidos. Quando o assunto é formação acadêmica, chegou ao
doutorado em Filosofia. Como professora de física e coordenadora do Cefet-RJ,
percorreu o país como palestrante aclamada e só falta dar autógrafos aos
alunos, de tão querida que é. Conhece tudo sobre escola e universidade, seus
aquários natais e de ofício. Seu livro “Isaac no mundo das partículas”, sucesso
de vendas, baseou uma peça de teatro infantil aclamada por crítica e público.
Mãe, mulher, moradora de Madureira na
divisa com Cascadura (mais Rio de Janeiro raiz, impossível), fiel escudeira da
Educação, filha de japonês, dona de uma risada inconfundível, trabalhadora, nos
últimos anos Elika arrebatou uma legião de fãs nas redes sociais por muitos
motivos, sendo o principal deles a luta pela democracia que existiu um dia no
Brasil, além da sua visão em 360 graus a respeito das mazelas que têm vitimado
o povo brasileiro e, em especial, o do Rio de Janeiro: genocídio, violência
ostensiva, desemprego a granel, demolição econômica, degradação política, saúde
na sarjeta, educação à míngua, desesperança.
E tudo isso com uma coragem que se
espera dos protagonistas da história: justamente em meio ao caos, no mar de
ódio que o golpe de 2016 espalhou pelo Brasil, ela navegou contra o linchamento
midiático que foi meticulosamente instaurado contra o Partido dos Trabalhadores
e, em especial, a figura de Lula – qualquer pessoa minimamente informada percebe
os movimentos das grandes corporações de comunicação quando o assunto é oprimir
e alienar o povo brasileiro, sendo que o Rio de Janeiro sentiu o baque da
implosão a olhos nus da Petrobras como nenhuma outra unidade da federação. Daí
sua indignação contra o golpe, contra o cárcere privado de Lula, contra o
sequestro da democracia brasileira, contra a implosão do Rio, contra a
destruição das políticas de inclusão social que salvaram a vida de milhões de
pessoas desde 2002, contra o entreguismo feroz que só atende aos anseios do
capital rentista e mais nada, enquanto os integrantes de três famílias
controladoras da holding Itaú-Unibanco receberam 9 bilhões de reais em cinco
anos a título de dividendos, sendo três bilhões somente em 2017 com zero
imposto de renda. Tudo em meio a uma crise que, organizada pela vilania, fez
com que no mesmo período fosse dobrado o número de desempregados no país, sem
contar os desalentados (aqueles que desistiram de procurar por uma vaga).
Apesar
de seu extremo bom humor, Elika é naturalmente uma cidadã indignada. Ela sabe
que o Rio e o Brasil podem ser diferentes do que esse arremedo golpista de
agora – e diferentes para muito melhor. É disso que nasce a sua candidatura. E
justamente por ela ter vindo “de fora” do ambiente político convencional, tem
gás de sobra contra os velhos fisiologismos dos quais estamos todos bastante
cansados. Trata-se de uma acadêmica de sucesso, uma intelectual bem-preparada
que vai muito além das salas de pesquisa: por sua formação e vivência, ela sabe
do riscado quando se fala de trem, de subúrbio alijado de política cultural, da
saúde ausente, da segurança esquálida, de colégio abandonado, da cidade tão
partida e injusta que é dividida pelo muro invisível (mas presente) entre o
balneário e os bairros-alojamentos. Além do mais, quem define sobre quem vem “de
dentro” ou “de fora” da política partidária, ou quem “pode” vir ou não? Ela, a
política, é para todos!
Para finalizar, meu voto não é somente
em uma mulher com enorme estofo intelectual, acadêmico, familiar, social e
moral, com fartas realizações em sua vida pessoal. Aqui peço licença para falar de ética, de apreço, de honestidade, de
sinceridade, de decência. Elika é uma das pessoas em quem mais confio nesta
Terra. Eu a vi crescer e se agigantar sem dar um único passo se esquecendo de
sua trajetória e de quem a cerca. Posso falar disso de cadeira: generosamente,
ela é a prefaciadora dos meus dois livros “Cenas do Centro do Rio”, minha primeira
incentivadora literária, minha querida companheira de mesas e lançamentos – e,
para qualquer escritor que se preze, o que modestamente é meu caso, prefácio é
coisa que só se oferece a quem se confia e se admira muito. Falando em
literatura, Elika é novamente um desafio: cansada de ler as negativas mais
estapafúrdias das editoras para a publicação de suas obras (ah, editoras, que
pisam em seus autores sem dó...), ela pôs a mão na massa e lançou seus títulos de
maneira independente, já tendo sido lida por milhares e milhares de pessoas.
Convém não dizer a ela que algo de bom não pode ser feito sem um motivo muito justo
e comprovado, senão...
Elika pensa no próximo e sofre com a
dor do outro. E pensa num mundo mais justo, mais humano, um mundo de inclusão e
participação, de justiça, de democracia. Embora seja jovem e com o mundo pela
frente, ela é uma veterana do ensino e, por isso mesmo, tem a capacidade de dar
a aula magna que o Rio de Janeiro anda precisando tanto: a da política
participativa, plural e democrática, a da política popular. Eu confio e vou com
ela onde estiver. Precisamos de gente com atitude para mudar o mundo, e isso
começa pela nossa cidade, pelo nosso estado, pelo nosso país, e essa atitude
tem que ser exercida no voto, com realizações em prol da população. Que minha amiga tenha toda a sorte do mundo nesta
jornada – e creio plenamente que terá -, porque nela eu tenho a esperança de
ver a política do Rio de Janeiro em seu devido lugar: nas manchetes de grandes realizações populares - e não nas de tragédias policiais, como tem sido ultimamente.
#EuVotoElika
#13021
#RioDeJaneiro