o silêncio dos homens em tempos tão ruidosos
porque vivemos angustiados
esperando os últimos momentos divertidos que não chegam
pensando em tudo o que foi desconstruído
e também o que sobrou
as memórias, fatos e objetos sobreviventes
o silêncio dos homens numa noite tão bonita
e dolorida
a multidão gritava como nunca no maracanã
enquanto o choro de um homem bom era tão triste
o pai, o filho e a morte tão crua à vista
numa humilde casa do coração da cidade
o silêncio dos anos é a lembrança de muitas reticências
poucas certezas
e o sentimento indescritível da falta que sentimos
do que sequer sorvemos, aproveitamos -
um desejo chamado saudade -
o silêncio do filho em lágrimas discretas
a imaginar o que restou das melhores lições
do silêncio de seu pai
o silêncio dos homens diante das mazelas do mundo
as injustiças que brotam a cada esquina, nas estradas de terra
nos matagais
há um país sofrido em busca de seu reencontro:
o abraço entre a gente, o resgate da generosidade, o trabalho
o silêncio do filho é a morte do pai
mais viva desde o sempre
as ruas parecem tão desertas: precisamos de gente, gente, gente
helio andel (17/04/1941-21/05/2008)
@pauloandel
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