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Foi um sábado razoável, tendo em vista os problemas. Primeiro, a bomba atômica da Praça Tiradentes que me tirou o sono. Depois, meu grande amigo Rafael Marques que me aparece numa UTI sem a menor expectativa prévia disso. Afora os resto, claro. Tarde chuvosa, parti para o Méier para uma reunião de trabalho. Uma vez finalizada, fui com dois amigos beber um pacífico chope no que chamam de Baixo Méier. Gosto dessa denominação, mesmo quando ela não tem sentido.
Falar da vida, dos amores, de gols. Eu devia ter ido namorar, mas estou sendo boicotado. Assim, nada melhor do que prosa de mesa.
Horas a passar, hora de fechar a conta, pedimos um táxi via telefone de cooperativa. Vinte minutos, meia hora, uma hora e nada. É a terra do descaso, planeta indiferença: ordracir o outro. Então paramos na esquina da Constança Barbosa para aguardar.
Dois casais com visual pagodeiro (sem nenhuma conotação preconceituosa, ressalte-se) vinham buscar seu carro. Quando o mesmo ia sair, veio o impagável flanelinha. Segundos depois, o motorista sai do carro, dá dois chutes no quase-pedinte e saca duas pistolas prateadas.
Um segundo e pensei no pior. Se atira, é claro que seríamos os alvos, até como testemunhas.
Outro segundo e o valentão baixa as armas. Ao mesmo tempo, um táxi para ao lado com um passageiro para desembarque. O flanelinha foge. O taxista sai do carro e diz algo como “Irmão, ta quebrando a firma, o passageiro ta com medo de descer”. O valentão se torna um doce, se identifica como PM e para o carro perto do táxi. A seguir, explica “Pô, perguntei ao cara onde ele estava quando eu estacionei o carro para vir me cobrar. Ele vem me dizer que tinha ido dar uma barrigada”. Os dois riem, os carros saem, a vida segue. Eu e meus amigos visando tudo com a verve de quem quase testemunhou uma morte de perto – ou a própria, se a situação se agravasse.
O flanelinha não estava ali por opção profissional e, muito provavelmente, carece de escolaridade e princípios de fidalguia. De toda forma, isso jamais explicaria um sujeito sacar duas pistolas para o que quer que fosse. Seria auto-afirmação diante das mulheres no carro? Seria o jeito machão?
Policia para quem precisa de polícia.
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Duas horas depois, meu amigo manda a funcionária da cooperativa praticar o auto-sexo. Foi justo. Conseguimos outro carro. Na segunda parada, fico sozinho dentro do táxi, o taxista zera o cronômetro. Estava errado, mas o que eu ia discutir no Cachambi depois das quatro da manhã?
Escrotidão à vista por causa de quatro reais.
O que leva as pessoas a agirem assim?
3
Novos discos que valem a pena ser ouvidos. Uns, nem novos.
“Demolished Thoughts”, Thurston Moore; “Showroom of Compassion”, Cake; “Lulu”, Lou Reed & Metallica; “Fly from here”, Yes; “Ao vivo em Montreux”, Pepeu Gomes. E tudo o que saiu remasterizado do Pink Floyd, para quem tem bala na agulha.
4
Será que se justifica tanto folguedo, alegorias e danças pelo assassinato de Kadhafi ontem?
Nenhuma simpatia pelo falecido, ainda que entenda não ser a pena de morte o caminho justo.
A Líbia é um caos. Grupos étnico-religiosos já se enfrentam, uns matando outros. O Ocidente esconde porque isso contraria o velho paradigma de triunfo norte-americano. Pergunta-se: que triunfo?
Sete trilhões de dívida pública enquanto suga-se o petróleo de Bagdad.
Jabô deve gostar disso. Mainardiota também.
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Torcedores do Fluminense estão definitivamente cansados de ver seu time sendo vilipendiado via imprensa falada-escrita-televisada. Comento sobre isso no http://www.fluminenseetc.com.br/ para todos os torcedores, exceto os da HVA.
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“Quem vai querer comprar banana?/ Quem vai querer comprar banana?”, Melodia.
Caro Andel, com você, tenho certeza - a justa certeza - de que a vida, sim, segue. Grato pela prosa. Abraços, Pedro.
ReplyDeleteCraque!!
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