Wednesday, May 30, 2007

Casa

dentro do peito, carrego uma casa
que é tua, tão tua que parece nua
não importa se teu mar agora é outro
se a madrugada tem outro namorado
não importa quem me toma pela mão
ou quem te guia na friagem da noite
a casa é tua, sempre e somente tua
quando a deixas vazia, por certo tempo
acontece efêmero e modesto inquilinato
mas é tudo tão passageiro, temporário
a casa é tua, tão nua que parece crua
quando deito cansado, na escuridão
enxergo apenas as luzes da cidade alta
que abrem passagem para tua imagem
e recordo dos teus olhos adolescentes
a formosura do teu corpo em repouso
deitada em berço esplêndido, róseo
tão nua e crua como a casa que é tua,
carregada pela solidão do meu amor


Paulo-Roberto Ândel, 22/05/2007

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