Monday, November 13, 2006

Bagdad Café

Eu e meu café discreto
Quase adoçado, firme
Quente feito um alívio
Na porta do Miramar

Somos companheiros
Reparando um dia
A tarde prata
Cinza de opaco
Que deixa recolhidos
Certos contribuintes
Justos beneficiários
De incentivos fiscais

São menos carros
Pouca gente n'orla
Um jeito de inverno
Cabe humanização?

Sem exageros, penso

Existem locais lotados
Mesmo sob a garoa
Marquises ou sinais
Esquinas, portas de banco
Praças sem grades
São cidades ao léu
Com famintos habitantes
A morar nas ruas sem nome
Nas casas sem paredes
Ou números

Era para ter sol de verão
Talvez nuvens de outono
Mas parece cor de inferno
Céu de Araras, Inferno Maré
Palafitas hoje são outras
Na imensidão, desproporção

Feito se coubesse num só lugar
Vitrines de Nova York
Miséria duma Etiópia
Violência de Bagdad
Por fim, nada me engana
É tudo muito Guanabara




Paulo Roberto Andel, 13/11/2006

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