Hoje faz 19 anos que meu amigo Xuru morreu. Amigo mesmo, de verdade, não é conversinha pra boi dormir. Nunca me deixou na pista, nem eu a ele. Passei situações muito difíceis que jamais teria passado com ele vivo.
Estivemos juntos por 21 anos em mil paradas, shows, bares, jogos, acampamentos, sinucas. Do campeonato de botão na casa do Luiz à roda punk no show do Jello Biafra, no Sindicato do Chope ou na Vila Mimosa, no Maracanã ou na Atlântica.
Ele vivia na noite, eu não, mas conjugávamos bem as diferenças. Eu nunca gostei de sair à noite, nem de festas e loucuras, mas isso em nada atrapalhou nossa amizade. Pelo contrário.
Chamava minha mãe de mãe. Ela o adorava.
A última coisa que conversamos foi algo engraçado. Ele riu, fui embora. Nunca imaginei que aquele seria nosso último encontro.
São tempos que o Russo faz muita falta. Dado o inevitável, fica o registro e a lembrança de um amigo, amigo mesmo, não daqueles que vê você se fud#$@&$do e faz cara de paisagem. Amigo é outra coisa.
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