Um dos grandes baratos na internet é justamente você conseguir rever pessoas e personalidades que estão sumidas da mídia há certo tempo, gente que você não viu nem ouviu mais.
Por exemplo, um dia desses eu estava passeando pelo Instagram quando me deparei com ninguém menos do que a Susanna Hoffs. Belíssima, sessentona, cantando e postando fotos de seu cotidiano, respondendo aos fãs com toda educação e simpatia. Naturalmente alguém vai perguntar quem é Susanna Hoffs, por motivo justo. Os olhos e ouvidos mais atentos dos anos 1980 vão responder: era a cantora das Bangles, banda de pop que nem era lá essas coisas todas, mas que fez um sucesso enorme para canção “Walk like an egyptian”. E, claro, o grupo tinha quatro integrantes gatas que deixavam os adolescentes em puro êxtase - e Susanna era a referência.
Outro caso: no Facebook, você pode seguir a página de Ferrugem, que não é o sambista tricolor, mas sim o mitológico ator mirim que dominou a TV brasileira nos anos 1970 e 1980. Ferrugem ainda continua em plena atividade em rádio, podcasts etc, embora não esteja na TV aberta com regularidade.
Enquanto isso, a própria TV tem usado o expediente de resgatar artistas populares que, de alguma forma, já não têm a mesma visibilidade de outrora. É o caso de Serginho Groisman. O apresentador tem investido em programas temáticos nas noites de sábado. A turma da Jovem Guarda, os veteranos do sertanejo, o pessoal da música romântica em inglês. Sábado passado mesmo rolou de Perla a Ednardo, passando por Márcio Greyck, Tony Tornado e Adriana. Silvio Brito incendiou a galera ao vivo e o próprio Tony, aos inacreditáveis 94 anos, fez uma apresentação emocionante de "BR-3”, o clássico que o consagrou instantaneamente no V Festival Internacional da Canção de 1970.
Quando a gente revê essa turma viva e ativa, um pensamento é inevitável: temos um exército de grandes artistas que não somente precisam ser redescobertos, como também têm pressa porque a ampulheta tem cada vez menos areia desabando. Já escrevi o mesmo aqui sobre o rock internacional. São muitos os septuagenários e octogenários ainda em atividade. Ao mesmo tempo que é maravilhoso ter tanta gente boa, todos sabemos que daqui a algum tempo vai ter uma grande revoada, por que o tempo não para e é inevitável.
Outra coisa também faz pensar: continuidade. Quem está fazendo a nova grande música popular brasileira? Deve ter muita gente boa nos porões da internet que nunca vimos ou ouvimos falar. Os tempos mudaram, você já não tem mais os grandes festivais, nem a grande consagração popular, o rádio é diferente. Assim, é certo que a nova música brasileira não terá ídolos do mesmo tamanho que ainda temos. Lá fora basta dizer que, nos grandes festivais de rock pelo mundo, quem ainda dá as cartas são as bandas veteranas, chamadas de “rock clássico”, com seus integrantes geralmente acima dos 70 anos.
Tudo bem. Sem lamentações. Vamos aproveitar. Que seja eterno enquanto dure. Susanna Hoffs ainda é muito gata.
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