Sunday, December 17, 2023

Tchau 2023 antecipado

Está acabando o ano. Descem os últimos grãos da ampulheta. 

Incensados pelo mundo que nos determina datas, términos e começos, recomeços também.

A gente olha pra trás e, se pensa minimamente no próximo, sente o peso da tragédia. Ódio por todo lado, miséria sem fim, violência, guerras urbanas e nacionais (com os ingênuos acreditando em Bombom x Maumau). Gente a sofrer e a se desencontrar por todo lado. Os desamores, a aspereza do cotidiano. 

Outra coisa chata: se decepcionar não com os comuns, mas em quem você acredita. Infelizmente a vaidade, a empáfia, o egoísmo e a hipocrisia são roupas que muita gente veste com facilidade, pouco importando se o discurso era outro. O ditado é popular mas sincero: falar, até papagaio fala. Agora, fazer... É como a distinção entre ser bom e realmente fazer o bem. Uma diferença significativa. Tem muita gente boa mas pouca gente fazendo o bem, o que é um problema. 

Pelo menos há pequenas compensações. A gente se revigora com filmes, discos, shows, jogos. Isso ajuda a aliviar a alma, tentar dormir e buscar a sobrevivência no dia seguinte. Os poucos amigos sinceros, as boas conversas, os breves amores e admirações. É isso que nos sustenta, ao menos enquanto respiramos nestes ares. Precisamos de educação e cultura, precisamos de arte mas também de entretenimento e lazer. Muito. Ah, menos mal que, com todos os problemas pela frente, o Brasil se livrou da ascensão n@z1. Contudo, há muito a ser feito. 

Football: ao contrário do que boa parte da mídia esportiva queria, amanhã o Flu se arrisca a chegar à final do Mundial. Vai rolar. Há muita coisa a ser dita por isso, mas agora não é momento. Fica para depois. Vai, Fluzão.

Tive um ano horrível, mas ainda assim consegui publicar três livros que estão agradando muita gente. Sem falsa modéstia, gostei do resultado dos três. Fiz dois sozinho e um com a colaboração de colegas, fizemos um lançamento bonito. Se tiverem sido os últimos, fiz bem pacas. Se não tiverem, melhor ainda. Roll the bones. 

De 2024, eu só queria sobreviver em paz, mas este é um dos bens mais preciosos e raros do mundo. Quem está em paz permanente? É muito difícil. Mesmo. Mas, ainda assim, se a cada dia o mundo for menos ruim para a maioria das pessoas, já está bom. É um consolo.

O resto? Menos é mais, como dizia Miles Davis. Mais ouvidos e menos fala, mais sinceridade e menos gente, antes só do que mal acompanhado. Quem não te abraçou nas piores horas não precisa de perdão, nem de proximidade. Quem te deixou na pista, que seja feliz mas longe. O que passou, passou. Na longa caminhada, o que importa é encontrar a nova fonte de água limpa e, de preferência, à sombrinha.

Por aqui, há centenas de pessoas boas, com as quais interagi e muitas vezes percebi seus problemas. De simples palavras de força até assuntos mais complexos no privado, tentei fazer o que pude e sei que é muito pouco, mas era o que eu tinha a oferecer. Desejo que todas tenham vidas e vivências melhores em 2024, de coração. 

Que a vida seja menos difícil para a parte sofrida da raça humana. Que os animais sejam mais respeitados. Fim.

@p.r.andel

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