Sunday, October 08, 2023

Fim do domingo

As noites de domingo têm certa melancolia. Vem a manhãzinha de segunda, volta o sufoco, a pressão. Muitos de nós sonham com a chegada da sexta-feira para ter dois dias de descanso ou alívio, mas nem sempre acontece. Por exemplo, embora tenha ficado trancado três dias, não consegui descansar. Também trabalho de casa e os problemas são uma espécie de guilhotina armada contra o pescoço. Dói tudo, da cabeça aos pés. Os jogos de futebol e programas de TV ajudam a ocupar a cabeça, mas ninguém consegue descansar direito sem tranquilidade, com armas imaginárias apontadas para a cabeça. Não dá para ler direito, nem para escrever direito. Às vezes ouvir música. Às vezes, conversar com algum colega do Whatsapp - amigo é outra coisa. Às vezes, pensar, sonhar. Mas tudo passa rápido, a segunda não espera, a opressão está por toda parte e tudo aí está sem dó. A gente começa a semana procurando pela nossa paz, o bem mais precioso e raro. Mas será que pode haver paz em meio a tanta miséria, violência, doença, despejo, descaso e arrogância? Será que com tanta guerra, fuzilamentos e bombardeios é possível encontrar um punhado de paz? E talvez o pior: a maioria sofre, luta, se dedica, se esforça, sacrifica mas é tudo em vão. No fim mudamos pouca coisa: a maioria dos grandes defeitos que testemunhamos aí está há tempos, tempos. Por isso que a arte, a cultura, o esporte e o lazer são tão importantes: eles servem de bálsamo contra as dores da vida. É o que nos resta nesta grande república federativa cheia de árvores e gente tão nova dizendo adeus - nossos amigos e colegas por sinal. Vamos pedir esmolas de paz, esmolinhas de dignidade humana, é o que resta. Continuo nervoso paca, continuo desesperado, continuo verdadeiro. Só os falsos e hipócritas são felizes o tempo inteiro. Daqui a pouco é segunda e volta a terrível vida normal. Boa semana a todos. 

@pauloandel

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