Saturday, September 26, 2020

REFLEXÃO

Nós somos blocos de água, carne e fezes indo e vindo em busca da felicidade ilusória em conta-gotas num país do futuro, procurando frestas de razão, às vezes desprezando a crueldade que poderíamos evitar bem ao nosso lado ou aos nossos pés. Alimentamos a estupidez da soberba, a vaidade flácida, a prepotência ignorante e seguimos feito impávidos colossos até que, num súbito ou numa longa agonia, chegue a hora de mergulhar no nada, e aí talvez tenhamos a chance de olhar para trás e catar as esmolas do que realmente valeu a pena. Antes disso, andamos por ruas que já foram pisadas por batalhões de gentes que desconhecemos, enquanto normalizamos todas as humilhações que nossos semelhantes sofrem, até que essa mesma humilhação nos atinja diretamente. Afinal, este é um dos países mais injustos do mundo, comandado por fascistas psicopatas loucos para que cinquenta milhões de brasileiros morram sem reposição, por infelizes que odeiam a arte, a conversa, o aprendizado e a liberdade.  A maior parte das pessoas é muito humilde, pobre e sem instrução, mas é digna e boa; por isso, é escravizada sem perceber pelos grupos de forte poder econômico. A outra parte não tem o menor compromisso sequer com a própria vida, imagine a do próximo. 

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