Sunday, August 09, 2015

agosto em copacabana

o céu de copacabana brilhando
num domingo à noite de agosto
e um velho homem solitário
com seu olhar fixo e perdido
procurando pelas lindas estrelas
mortas, mortas, mortas:
peregrino das memórias e saudades
paladino da solidão interminável
ele procura os pais, os amigos
os vizinhos e colegas de escola
os camelôs e os mendigos
espia as constelações e o horizonte
até entender que nada restou
além do amor
o amor que incendeia lembranças
lágrimas, fome e desesperanças
o amor feito esmola
enquanto amanhã será menos um dia
um dia de trabalho e compromisso
um dia de estrangeiro na terra
os corações solitários são irmãos
siameses em pensamento
e veem o dorso do leme em aconchego
o céu de copacabana nublado
espuma de sangue no mar
alguma coisa desacontece
na minha vã ilusão espartana
copacabana é peito, ventre e afago
os mortos bailam
felizes naquele horizonte
que ninguém enxergou

@pauloandel

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