Finalizava a revisão de páginas de um livro e ouvia Betty Carter.
Meu amigo Tiba escreveu pelo celular que seu pai havia morrido nesta manhã de domingo.
Trocamos algumas palavras eletrônicas enquanto ele vaticinava: "Perdemos tempo demais com bobagens". Fazia e faz todo sentido.
O amigo foi para o enterro em Volta Redonda.
Pensei nas inúmeras coisas que deixamos de fazer, eu e meu pai. Um diálogo foi muito difícil devido a momentos de aspereza durante décadas. Antes do fim, tudo foi resolvido, mas perdemos tempo demais.
A dificuldade de conversa, as divergências, certas vaidades, a incompreensão, a inflexibilidade.
A incapacidade de se colocar no lugar do outro.
A eterna falta de tempo que vira indiferença. Abraços viram mensagens inbox. A vida vivida vira vida imaginada.
Tudo isso e muito mais nos leva, mais dia, menos dia, a uma inevitável reflexão sobre o sentido da vida e o desperdício de tempo com o exercício das pequenas coisas.
O sentido da vida.
O sentido.
A vida.
A vida.
O resto é o intervalo para respirar enquanto vemos as dores na rua, a violência descabida, o egoísmo.
Perdemos tempo demais com bobagens.
É preciso parar com isso. Só.
@pauloandel
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