Thursday, February 21, 2013

Sobre o assassinato do menino boliviano




A morte do menino

Impressionante que a passionalidade possa levar a uma tragédia como a do garoto assassinado ontem na partida San Jose x Corinthians.

Futebol deveria ser festa, confraternização e disputa.

O adversário não é inimigo.

Já temos problemas demais no mundo para que o futebol seja palco de morte. Estupros de vulneráveis em territórios controlados pelo crime. Guerras sujas e cínicas. Trabalho escravo. Outras explorações da população infantil.

Há quem vá dizer que esse é um problema do mundo inteiro. Concordar é possível.

Porém, o fato de acontecer em vários lugares não significa vista grossa ou tolerância a qualquer crime que seja.

Passam os anos e o futebol, essa maravilhosa diversão que, um dia, foi a razão de ser do Brasil, regularmente preenche as páginas policiais dos jornais.

Mata-se e morre-se por um ódio estúpido, uma ignorância sem sentido, verdadeira expressão da irracionalidade.

A vida humana não tem preço nem reparação. A vida de um jovem, com todo o futuro pela frente.

Ontem, o meu Fluminense levou uma sonora - e merecida – sapatada do Grêmio. Mas mesmo que sucedesse o contrário, eu não teria a menor condição de comemorar nada. A morte do menino, num momento que deveria ser de diversão e alegria, é um luto que jamais cerrará portas.

Frequento arquibancadas desde os nove anos de idade. Fui criado vendo todos os jogos do meu time e, em muitas ocasiões, simplesmente indo ao Maracanã ver jogos de outros times pela alegria em acompanhar uma partida de futebol. Hoje, isso é impossível.

Até quando assistiremos a estas manifestações tão irracionais?

A vida humana é o bem mais precioso. Está muito acima de qualquer partida de futebol. Muito acima de qualquer coisa. O respeito à vida, ao próximo. Futebol não é guerra: não sejamos imbecis.

Em momentos como este, em assassinatos assim, causa-me uma enorme tristeza em ter nascido humano. Melhor dizendo: vergonha.

Os ditos animais irracionais têm instintos melhores.


Em memória de Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, assassinado cruelmente ontem em Oruco, Bolívia.

@pauloandel

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