Wednesday, December 26, 2012

"Boas festas..."




O mundo gira, a Lusitana roda e demos mais uma volta em torno do Sol, o mesmo que um dia engolirá a Terra dentro de alguns bilhões de outros anos. 

E o mundo não se acabou? Não. 

Ou melhor, mais ou menos. 

Não fazia o menor sentido a Terra ser explodida num ratatá digno de conflito tráfico x polícia. 

Nem faz sentido deixarmos de perceber que o fim do mundo já está por aí há tempos. 

Quando uma garota bonita, mestranda, esforçada, segue para seu trabalho e morre com uma bala na cabeça em pleno ônibus no caminho, isso é o fim do mundo. 

Quando uma criança de dez anos abre sua boneca de presente de Natal e cai vitimada por uma bala na cabeça, isso porque jovens selvagens fabricados pelo Estado dão tiros para o alto à toa, isso é o fim do mundo. É, o fim do mundo pode ser ainda pior: levada para um dos maiores hospitais públicos do país, a criança leva oito horas para ser operada, dado que o neurocirurgião faltou ao plantão hospitalar – afinal, é só mais um dado estatístico, não é verdade? 

O Rio de Janeiro tem onze mil moradores de rua, e não são onze mil “vagabundos imprestáveis em vagabundagem voluntária”. Eis o fim do mundo. 

Não precisamos de grandes catástrofes. 

Na grande cidade, já vivemos uma permanente, quase silenciosa e quase não vista por todos aqueles que viram o rosto para o lado, evitam passar na mesma calçada e estão loucos para que o próximo shopping center tenha a prometida “área VIP”, livre de gordos, pobres, pretos, suburbanos e demais classificações fascistóides. 

Vamos vivendo por entre os destroços do mundo. 

Ano que vem tem mais. 

A você, que prestigiou este blog em 2012, o meu grande abraço. 

Em janeiro/13 eu volto.

@pauloandel 

 Em memória de Antonio Campos

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