O mundo gira, a Lusitana roda e demos mais uma volta em torno do Sol, o mesmo que um dia engolirá a Terra dentro de alguns bilhões de outros anos.
E o mundo não se acabou?
Não.
Ou melhor, mais ou menos.
Não fazia o menor sentido a Terra ser explodida num ratatá digno de conflito tráfico x polícia.
Nem faz sentido deixarmos de perceber que o fim do mundo já está por aí há tempos.
Quando uma garota bonita, mestranda, esforçada, segue para seu trabalho e morre com uma bala na cabeça em pleno ônibus no caminho, isso é o fim do mundo.
Quando uma criança de dez anos abre sua boneca de presente de Natal e cai vitimada por uma bala na cabeça, isso porque jovens selvagens fabricados pelo Estado dão tiros para o alto à toa, isso é o fim do mundo. É, o fim do mundo pode ser ainda pior: levada para um dos maiores hospitais públicos do país, a criança leva oito horas para ser operada, dado que o neurocirurgião faltou ao plantão hospitalar – afinal, é só mais um dado estatístico, não é verdade?
O Rio de Janeiro tem onze mil moradores de rua, e não são onze mil “vagabundos imprestáveis em vagabundagem voluntária”. Eis o fim do mundo.
Não precisamos de grandes catástrofes.
Na grande cidade, já vivemos uma permanente, quase silenciosa e quase não vista por todos aqueles que viram o rosto para o lado, evitam passar na mesma calçada e estão loucos para que o próximo shopping center tenha a prometida “área VIP”, livre de gordos, pobres, pretos, suburbanos e demais classificações fascistóides.
Vamos vivendo por entre os destroços do mundo.
Ano que vem tem mais.
A você, que prestigiou este blog em 2012, o meu grande abraço.
Em janeiro/13 eu volto.
@pauloandel
Em memória de Antonio Campos
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