Friday, July 20, 2012

Agora um ontem


agora somos quase nada:
palavras vazias, tardes curtas
e nenhuma solidão é calma
somos tão amáveis
respeitáveis e assepticamente
vazios
diante de tudo o que, um dia
soubemos erguer
agora somos vozes sem eco
o vizinho alheio ao lado
a indiferença diante dos que
esmolam
o dar-de-ombros a quem não
parece forte
ficamos perdidos
zonzos
meio sem papel definido
nesse admirável mundo
corporativo de posses
poderes, ostentações
e uma solidão de rasgar mil
corações
a mil
paixões a mil desintegradas
- eu não tenho
- você não sabe
- você não me importa
- não faço sentido
agora arranha-céus esfaqueiam
nosso horizonte
e tudo é cinza e concreto
e com objetivos definidos
agora tudo tarda
porque nunca fomos tão
tristes
solitários
navegadores de barco sem mar
e românticos
enquanto a fumaça sobe no asfalto
transeuntes são pinos de boliche
ordem e progresso são incerteza
e nada mais


Paulo-Roberto Andel 20/07/2012

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