Wednesday, August 24, 2011

ORA, BOLAS

meu espelho,
que range os dentes
ao me receber,
desta vez ofertou
silêncio
e,
por isso mesmo,
estranhei.
ele já nao tem
mas raiva,
não tem rancor

e nem ousa
mostrar-se indignado:
agora é só
um espelho
que precisa de um pano

umedecido
em álcool
e um banho daqueles
de curar
mau-olhado.
meu espelho está mudo
mas não é morto;
apenas se restringiu.
também não morri -
apenas rever

minha velhice frente a ele
traz-me um que

de piada juvenil
qualquer.


Paulo-Roberto Andel, 23/08/2011

4 comments:

  1. Anonymous2:46 PM

    Porraa, maneiríssimo, Paulo!!!
    Me sinto assim, às vezes. Sei como é...

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  2. Caro Andel, impressiona o ritmo, além do tema. Excelente. Abraços, Pedro.

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  3. todo o agradecimento de sempre, grande poeta Pedro! :)

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