Wednesday, May 04, 2011

DESANOITECE



desanoitece
quando tento
entender as mazelas
do mundo

e vem
certa alvorada
trôpega
trocando passos
flácidos
entre a esperança
e a ilusão:
ampulheta contra o tempo,
uno frente à multidão


desanoitece
quando me vejo
bicho-homem,
permissivo diante do caos
que se tornou
a extinta fraternidade:
havia uma cidade
em meu bairro, ela
encolheu e calou
para agora, agora,
viver em solene angústia –
a dúvida sob fissão.


longe do antes,
exilado no futuro,
por onde navego à vida?




Paulo-Roberto Andel, 04/05/2011

1 comment:

  1. Paulinho, você não existe. Que versatilidade e competência!!!De cronista à poeta, num flash.
    Agora "desanoiteceu"...
    Beijosss

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