I
mergulhado no fundo
de
um
poço
cardiológico
II
e então rimos sem qualquer sentido/ das tragédias à tela de elétrons/ ou ficamos inertes/ diante do enfartado na avenida central/ e achamos lindeza no céu/ enquanto a terra é cinza e crua e vocifera cadáveres/ a terra é linda e seus mortos e famintos sofrem, sofrem/ nunca terão a dignidade devida/ nem mesmo a garota gordinha que frita bifes numa loja de lanches/ ou o garoto que entrega panfletos rejeitados/ rimos pela nossa própria estupidez/ enquanto o agiota explora/ o golpista falsifica e senhor nenhum perdoa nossas dívidas/ a natureza é bela e nossa ganância sabe destrui-la como ninguém/ o estranho mundo onde vivemos quase sem sentido e toda vã recordação morre sem destino algum/ por estas palavras os egoístam me chamarão de tolo e cego e comunista/ sempre sabem o que melhor dizer, eu reconheço.
III
dói em mim
o doce lancinante
da tua voz
juvenil
sempre tão longe
e longe
que me parece lenda:
beleza efêmera
para ansiar
meu coração
IV
a única coisa
relevante,
frente ao caos urbano
é a desconstrução -
começar de novo,
viver a modéstia
e assumir a culpa
da nossa fragorosa
solidão. Paulo-Roberto Andel, 30/03/2011
"viver a modéstia / e assumir a culpa / da nossa fragorosa / solidão"
ReplyDeletee o que mais poderíamos dizer, não, caro amigo? Que a vida é a vida que temos por aqui, talvez.
grato pelas suas palavras.
abraços, Pedro.
Eu que agradeço, poeta. Sempre. Braxxxx
ReplyDeleteLindos e tristes cenários, mas sempre talentosamente desenhados .
ReplyDeleteUm beijo