Por mais que seja conservadora, perversa, míope e anti-social, a meu ver, a ojeriza ao sistema de cotas deve fazer parte do jogo democrático e da dialética. Entretanto, INCONCEBÍVEL é Demósthenes Torres - que aqui sequer merece o tratamento de Senador - manifestar-se com brandura diante de centenas de crimes e covardias, especialmente os cometidos contra os escravos. Ora, bolas, então se os estupros foram consensuais na visão de um líder do DEM, então porque prender traficantes? Vão acabar dizendo que as jovens moradoras de comunidades carentes gostam de ser estupradas... e as pessoas são assaltadas e mortas nas ruas porque agem consensualmente com o crime - quem manda saíremr de casa?
Os eleitores negros que vierem a reeleger este político não podem receber outra pecha que não a de IDIOTAS. O mesmo vale para qualquer eleitor branco que se diga progressista e empenhe seu voto para este tipo de argumento. Aliás, qualquer pessoa de bem, minimamente informada, não votará num sujeito que afirma tal sandice. Nem todo mundo se deixa levar por imbecis capatazes das grandes corporações como Mainardiota, Reinaldérrimo Azevedo e outrem. Felizmente, a apoteose da idiotia e o nazismo enrustido de políticos brasileiros não hão de triunfar.
Paulo-Roberto Andel
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DEM corresponsabiliza negros pela escravidão
Escravo foi principal item de exportação na África, diz senador na 1ª audiência no STF sobre cotas / Democrata considera inconstitucional sistema de cotas raciais; audiência, que vai até 6ª, decidirá se sistema continuará em vigor no país
LAURA CAPRIGLIONE - ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
LUCAS FERRAZ - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para uma discussão que sempre convoca emoções e discursos inflamados, como é a das cotas raciais ou reserva de vagas nas universidades públicas para negros, a audiência pública que se iniciou ontem no Supremo Tribunal Federal transcorreu em calma na maior parte do tempo. Até que um óóóóóóó atravessou a sala. Quem falava, então, era o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que se esforçava para demonstrar a corresponsabilidade de negros no sistema escravista vigente no Brasil durante quatro séculos.
Disse Demóstenes sobre o tráfico negreiro: “Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (…) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana.”
Sobre a miscigenação: “Nós temos uma história tão bonita de miscigenação… [Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual.”
As referências à história “tão bonita” da miscigenação brasileira, ao negro traficante de mão de obra negra, o democrata usou para argumentar contra as cotas raciais, já adotadas em 68 instituições de ensino superior em todo o país, estaduais e federais. Desde 2003, cerca de 52 mil alunos já se formaram tendo ingressado na faculdade como cotistas.
O partido de Demóstenes considera que as cotas raciais são inconstitucionais porque, ao reservar vagas para negros e afrodescendentes, contrariariam o princípio da igualdade dos candidatos no vestibular.
Na condição de relator de dois processos sobre o tema (também há um recurso extraordinário interposto por um candidato que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, decidiu convocar a audiência pública, que se estenderá até sexta-feira, com intervenções pró e anticotas.
A audiência pública é uma forma de as partes interessadas levarem seus pontos de vista ao STF. Segundo Lewandowski, o assunto será votado ainda neste ano. Se considerar que as cotas ferem preceito fundamental, acaba essa modalidade de ingresso no sistema universitário. Se considerar que são ok, a decisão sobre adotar ou não uma política de cotas continuará a ser dos conselhos universitários.
No primeiro dia, falou uma maioria de favoráveis às cotas, em um placar de 10 a 3. Falaram representantes de ministérios e de universidades favoráveis às cotas, e os advogados do DEM e do estudante gaúcho, além de Demóstenes.”
Discussão e acusações de racismo marcam primeiro dia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA – FOLHA SP
Uma quente discussão sobre o sistema de cotas e acusações de racismo marcaram o primeiro dos três dias de audiências.
Natália Maria, 22, negra, é aluna cotista de ciências sociais da UnB. Ela acusou um cinegrafista da TV Justiça e uma moça do cerimonial do Supremo de tratamento racista após pedir que não fosse filmada.
“Falaram que estava fazendo showzinho. Foi um caso clássico do que enfrentamos no dia a dia, espécie de racismo velado.”
A causa foi uma discussão entre ela e Marcel Van Hatten, 24. Loiro de olhos verdes - é filho de holandês e descende de alemão -, Marcel, formado em relações internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é contra o sistema.
“Por que o branco pobre não tem o direito de usar as cotas? A nós, brancos, não pode ser imputada uma dívida que é histórica. Temos de olhar para a frente”, disse ele.
“O racismo impede as pessoas de disputarem postos de poder”, rebateu Natália. “Numa seleção de emprego entre uma colega branca e eu, negra e pobre, não tenho a menor dúvida de que ela será escolhida.”
Para Van Hatten, racistas são as cotas, que “dividem a sociedade e beneficiam só os negros”.
O STF não recebeu queixa.
Paulinho, eu sou favorável às cotas raciais nas universidades. E sou não por desacreditar que o negro não seja capaz, mas por acreditar que ele durante muito tempo não correu lado a lado com o branco. Negar isso seria hipocrisia.Infelizmente, eles não tiveram as mesmas condições de desenvolvimento
ReplyDeleteeconômico e social. Não tiveram mesmo. A menina Natalia, da matéria, tem os pés no chão. Mas, tenho a impressão que está havendo uma mudança leeenta nessa situação.Ainda não é a ideal, lógico. Não estou em cima do muro não, viu? São situações que tomei conhecimento e não haveria espaço aqui para descrever. Ainda bem, não é, que as coisas estão mudando.
Debaixo da pele,a cor é uma só: vermelha.
O dia em que descobrirem isso...
Um beijo e parabéns pelo post.
Ah...quanto ao texto do Emir, só posso aplaudir.(rimou )[rs]