eu, que me mastigo e rumino por vezes
em busca do meu próprio supra sumo,
eu, que me atiro e me estilhaço ao chão,
espalhando-me por dois mil e oito cacos,
eu, que me faço de lenha ao fogo intenso
e viro brasa de alimentar meu incêndio,
eu, que ponho quase tudo a tudo perder
por todo amor e alguma prova d'amizade
eu, tantas e todas vezes eu, tão indivíduo
e tão descrente que todos sejam só um
eu, dilapidado
eu, farto de mim, de meu, dos egoísmos
que se amontoam na gente apressada,
no bom-dia sem qualquer resposta vaga,
no monólogo e no bel prazer dum solo,
canso-me da frieza, da indiferença ao léu,
das pessoas que não sabem mais do Rio,
dos fatalistas que afirmam o fim do jeito,
como se a fidalguia fosse dejeto somente
eu, esgotado, tardo mas quase não falho
e muito há por ainda pastar, regurgitar,
ainda existe uma razão para se espatifar
mesmo que meia-dúzia não seja milhão
Paulo-Roberto Andel, 22/01/2008
http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=5030
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