Thursday, November 08, 2007

Ultimamente

era certa noite de terça-feira, eu fitava uma morena
e lembrava de minha mãe,
minha querida mãe, que se escondeu no infinito,
no longe d'orizonte preto
que não tinha Xuru, nem João e nem Luiz
ou Bustamante,
um disparate.

as pessoas têm morrido demais, de forma que só as vejo em mim,
em meus pensamentos que perambulam nas calçadas,
entre os passos apressados das grandes ruas,
pelo aperto das gentes nos veículos coletivos,
nos corredores de acesso aos estádios de futebol,
nos carros engarrafados nos arredores da orla azul de mar.

as pessoas têm morrido nas conversas de bar,
onde outrora é hoje,
e falecem nos dias de sol, com música de rua
em alto-falantes e batidões

as pessoas têm fenecido no funk, no rock,
sem axé nem bênção, sem cânfora nem bálsamo

as pessoas morrem nos feriados, nas férias
e numa terça-feira qualquer, aos olhos duma morena

e justamente por morrerem muito, são fagulhas de vida,
permanentes, e faíscam pelo eterno breve.


Paulo-Roberto Andel, 09/11/2007

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