As coisas passam, quase tudo passa
Feito a folha que desaba no outono
E dissolve-se, falece, vira combustível doutras folhas
Muitas coisas passam
Como o nublado da tarde vadia na ponta do Leme
Vem chuva, vai-se, um novo sol toma assento na poltrona do céu
As coisas passam como as dores de amores, os choros
A derrota do amado time, a segunda época da turma
As coisas transigem por mais que nós, soberbos homens,
Insistamos na surda guerra da intransigência
As coisas passam em todos os lugares
Todos os casos e modas, todas as prosas
Exceto num único e modesto lugar, casa forte
Que trazemos todo instante a tiracolo, involuntário
Delicadamente batizado de lembrança
Nela, coisas passam; pessoas não.
Paulo Roberto Andel, 14/12/2006
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