Houve um verão e tive a sorte de conhecer uma moça belíssima, eram tempos da academia de matemática. Anos vieram e foram, gentes vieram e foram, deparei-me com ela pelo computador, meio moderno de rever as melhores coisas de nossas vidas.
Em conversa com o saudoso saudável amigo Maxwell, vim saber da alegria que teve ao revê-la no casamento de Arthur, onde tanto conversaram e ele tanto se encantou com suas impecáveis leveza, inteligência e beleza, todas indissociáveis, tudo num só pacote mágico. Eu não estive no casamento, não a vi pessoalmente, mas sou capaz de assinar embaixo das palavras do amigo pelo que vi.
Era o computador, era uma foto e a moça estava lá. Contemplei-a, tal como um de seus súditos. Se lá estivesse, restaria-me apenas tirar a espada da bainha, erguê-la aos céus e fazer uma cordial saudação à rainha.
Uma foto. Uma simples e singela foto.
Raras vezes vi em minha vida algo tão harmoniosamente encaixado pelas expressões da natureza, aquelas que simplesmente existem e nós não sabemos ao certo como explicar. Apenas acontecem e estão por aí a nos guiar ou nos fazer perder o caminho.
Uma pedra, quase plana, gigante com algum limo, daí que não de rolar – sabemos que pedras que rolam não criam musgo. Como toda pedra, muda. Amiga. Solitária cedente a quem nela pudesse descansar e olhar para o celeste do céu.
Árvores, pelo leste, grande vegetação pelo oeste. Sintomas do mar da tranqüilidade e pureza do ar.
Monte Verde.
Ao fundo, um céu de limpidez translúcida. Tudo azul, tudo de puro azul.
A moça tinha sentado praça na pedra. Estava em posição de energização, como se quisesse captar do ambiente os bons fluidos, os melhores, como se não os tivesse em si.
Calçava tênis claros, vestia conjunto de camiseta e short pretos, muito pretos e de charme inquestionável, combinando com a escuridão das lentes do par de óculos – o que lhe trazia um olhar indecifrável. Cabelos presos, por depois dos ombros. Braços perfeitamente alinhados ao tronco, mãos espalmadas para cima e apoiadas nas coxas. Brincos dourados de argolas, o pulso esquerdo em marrom sugerindo um relógio oculto e, no local, sem maiores funções práticas – ali não era momento de ver as horas, talvez nem os dias, talvez nem o tempo. Tudo muito ergonômico, assentado, delineado com capricho.
O rosto, de formosura infinita, ao contrário da convencional forma sorridente dos tempos da academia, ali tinha o ofício da seriedade. Ressalte-se, porém, que não era uma seriedade oca, formal, mas sim a do momento, a de perceber o momento e vivenciá-lo como se ali houvesse a plenitude da physis, incessantemente. A sobriedade que ali misturava beleza, poesia, serenidade, os melhores aromas, as mais doces e sinceras palavras mesmo diante da mudez.
Naquele momento e local, a moça deixou de ser humana por alguns momentos.
Emoldurada pela natureza, em seu auge, integrou-se ao ambiente como se ali estivesse esculpida há mais de cinco mil anos. Era tudo azul de céu, mais preto de roupa e a moça, em sua indescritível conjuntura de pele, postura e silêncio, na tarefa de conseguir embelezar o infinito já belo por si só. Conseguiu.
Imaginei-me também ali, também sentado com as pernas cruzadas na mesma mudez. Se pudesse, esperaria até que a moça dissesse alguma palavra, qualquer, qualquer que fosse. Seja o que dissesse, a mim só caberia dizer um obrigado, mesmo como uma obrigação, uma necessidade. Se não falasse, talvez melhor: fitaria todo o cenário pelo tempo que fosse.
Eu ficaria calado.
O pleno e mais absoluto calado, mais ensurdecedor do que cem mil pessoas bradando num estádio com a vitória do Tricolor.
Seria o silêncio de amém, da mais pura reverência a uma incomparável imagem da natureza, como que abraçando a indescritível garota presente, a mais do que bela amiga, a admirável irmã, a fraternal companheira.
O silêncio de quem, ao vê-la, quase desistiria do ateísmo para louvar a Deus.
Louvar também a quem construiu aquela obra de arte em forma de fotografia.
E só.
Em conversa com o saudoso saudável amigo Maxwell, vim saber da alegria que teve ao revê-la no casamento de Arthur, onde tanto conversaram e ele tanto se encantou com suas impecáveis leveza, inteligência e beleza, todas indissociáveis, tudo num só pacote mágico. Eu não estive no casamento, não a vi pessoalmente, mas sou capaz de assinar embaixo das palavras do amigo pelo que vi.
Era o computador, era uma foto e a moça estava lá. Contemplei-a, tal como um de seus súditos. Se lá estivesse, restaria-me apenas tirar a espada da bainha, erguê-la aos céus e fazer uma cordial saudação à rainha.
Uma foto. Uma simples e singela foto.
Raras vezes vi em minha vida algo tão harmoniosamente encaixado pelas expressões da natureza, aquelas que simplesmente existem e nós não sabemos ao certo como explicar. Apenas acontecem e estão por aí a nos guiar ou nos fazer perder o caminho.
Uma pedra, quase plana, gigante com algum limo, daí que não de rolar – sabemos que pedras que rolam não criam musgo. Como toda pedra, muda. Amiga. Solitária cedente a quem nela pudesse descansar e olhar para o celeste do céu.
Árvores, pelo leste, grande vegetação pelo oeste. Sintomas do mar da tranqüilidade e pureza do ar.
Monte Verde.
Ao fundo, um céu de limpidez translúcida. Tudo azul, tudo de puro azul.
A moça tinha sentado praça na pedra. Estava em posição de energização, como se quisesse captar do ambiente os bons fluidos, os melhores, como se não os tivesse em si.
Calçava tênis claros, vestia conjunto de camiseta e short pretos, muito pretos e de charme inquestionável, combinando com a escuridão das lentes do par de óculos – o que lhe trazia um olhar indecifrável. Cabelos presos, por depois dos ombros. Braços perfeitamente alinhados ao tronco, mãos espalmadas para cima e apoiadas nas coxas. Brincos dourados de argolas, o pulso esquerdo em marrom sugerindo um relógio oculto e, no local, sem maiores funções práticas – ali não era momento de ver as horas, talvez nem os dias, talvez nem o tempo. Tudo muito ergonômico, assentado, delineado com capricho.
O rosto, de formosura infinita, ao contrário da convencional forma sorridente dos tempos da academia, ali tinha o ofício da seriedade. Ressalte-se, porém, que não era uma seriedade oca, formal, mas sim a do momento, a de perceber o momento e vivenciá-lo como se ali houvesse a plenitude da physis, incessantemente. A sobriedade que ali misturava beleza, poesia, serenidade, os melhores aromas, as mais doces e sinceras palavras mesmo diante da mudez.
Naquele momento e local, a moça deixou de ser humana por alguns momentos.
Emoldurada pela natureza, em seu auge, integrou-se ao ambiente como se ali estivesse esculpida há mais de cinco mil anos. Era tudo azul de céu, mais preto de roupa e a moça, em sua indescritível conjuntura de pele, postura e silêncio, na tarefa de conseguir embelezar o infinito já belo por si só. Conseguiu.
Imaginei-me também ali, também sentado com as pernas cruzadas na mesma mudez. Se pudesse, esperaria até que a moça dissesse alguma palavra, qualquer, qualquer que fosse. Seja o que dissesse, a mim só caberia dizer um obrigado, mesmo como uma obrigação, uma necessidade. Se não falasse, talvez melhor: fitaria todo o cenário pelo tempo que fosse.
Eu ficaria calado.
O pleno e mais absoluto calado, mais ensurdecedor do que cem mil pessoas bradando num estádio com a vitória do Tricolor.
Seria o silêncio de amém, da mais pura reverência a uma incomparável imagem da natureza, como que abraçando a indescritível garota presente, a mais do que bela amiga, a admirável irmã, a fraternal companheira.
O silêncio de quem, ao vê-la, quase desistiria do ateísmo para louvar a Deus.
Louvar também a quem construiu aquela obra de arte em forma de fotografia.
E só.
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ReplyDeleteHallo I absolutely adore your site. You have beautiful graphics I have ever seen.
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