Monday, October 19, 2020

Solo


sozinho, sozinha

um só

que não se basta

e sonha com

a felicidade dos

bichos e a 

gentileza

das coisas


enquanto as ruas

de olhares tristonhos

e portas cerradas

não são pai nem mãe


[ainda que haja tanto mar


sozinho e rindo

da própria tragédia

enquanto os maus

triunfam e celebram

frases primitivas


[para que tanta dor?


sozinho caminhando

sem nada tão novo 

debaixo do velho sol

com calores e aflição

ou cansaço e angústia:

quem vai estender a mão?


um passo de cada vez

longo ou curto, suficiente

pelo caminho necessário

e que talvez seja infinito


não há ninguém ao lado

nem esperando na sala

ou no quarto de casa: 

aí está o novo anormal


[sozinho


[sozinha


ainda são onze e meia


@pauloandel