Diante da miséria, do sofrimento, da dor, da doença, do risco de morte, qual o sentido do ódio na vida? Quanto tempo se desperdiça com inutilidades, com vaidades fúteis, com ruindade? Basta você olhar para o lado, o próximo, o pedinte na esquina, o esfomeado, o zumbi debaixo de crack e toda a empáfia vai ao chão.
É tudo inútil.
Viemos aqui para fazer coisas legais, progredir, ajudar o outro, aprender. Todos nascemos ignorantes, mas o aprendizado é permanente. E quem insiste na ignorância como meio de expressão nunca vai ver direito a tarde de sol, a criança caminhando na rua com seu biscoito à mão, o passarinho pousando na terra batida da praça.
Centenas de milhões de pessoas não podem usufruir dos confortos da Terra. Casa, comida, água, bens essenciais.
A vida escorre nos hospitais, no ódio estúpido, na violência que mata e mata sem sentido, na ganância, na negação da arte, na discriminação, no racismo, na homofobia, na retórica fascista, totalitária. Na ganância, a ganância.
Acabei de olhar para trás e vi 25 anos voarem longe.
Um amigo está em grande dificuldade num hospital.
Torço por ele. Torço, torço, torço.
Horas atrás, vivi uma felicidade estupenda ao me encontrar com Falcão. Agora, um rio de tristeza.
Não contem comigo para o ódio. Tenho mais o que escrever.
O ódio é para os fracos, os mal-amados, os que não veem os outros como amigos, os complexados, os rancorosos que têm certeza da própria mediocridade.
Numa triste manhã de quarta-feira, com trabalhos parados por motivo de força maior, meu tempo é para tristeza e amor.
Saia dessa, meu amigo. De alguma forma que não sei dizer.
@pauloandel