Wednesday, January 25, 2012

Thursday, January 19, 2012

ELA CANTA


É o céu que oferta presságios:
sejam de amor
misericórdia
ou desolação
e dele, tão céu,
nossa ingenuidade
espera
cores de esperança
somos crianças
olhando para o céu
e navegando
em esperanças e mistérios
que nossos
olhos à juvenília
são incapazes de decrifrar
mesmo quando a pele
já for
curtida.

paulorobertoandel19012012

Thursday, January 12, 2012

MONSTROS CONTEMPORÂNEOS II



Cogito uma experiência sonora depois de um dia escrevendo sobre jogos e jogos. Minha televisão não sintoniza direito. Não estou preso aos pacotes televisivos que geram muita união e nem tenho imagens cinematográficas à tela; é o que basta para assistir pessoas sem talento num programa popular. Descarto o áudio. Ligo o CD Player e passo a ouvir o discurso de Gil Scott-Heron. Algo me diz que a revolução não vai ser televisionada. Gil brada: "I´m new here!". Interessante notar o contraste entre a fala musical do poeta e as pessoas se esmagando dentro de um automóvel que será o prêmio de uma delas. Longe de tudo isso, outras pessoas choram seus mortos pela chuva, mas nossa estupidez média não permite enxergar o primitivo que ronda tais situações - a mesma estupidez que um homem rico passa com sua gravata italiana por uma calçada e sente nojo do homem pobre que lhe pede uma esmola. A pobreza pede um pão com manteiga apenas, mas é muito para quem tem dinheiro. A mesma estupidez que nos faz ratos escondidos e corredores em shoppings, bares, religiões e computadores, enquanto a vida alaga os córregos. A revolução não vai ser televisionada. Ao fim do disco, substituo-o por outro, da cantora inglesa Beth Gibbons. Ela quase chora ao cantar e isso é bom. Réquiem para a revolução que jamais será televisionada.


monstro contemporâneo II


sim, sou meu monstro: 
rosno-me, ameaço-me
mas não cogito medo
numa espiadela diante
do espelho

eu, meu monstro
não me torturo
pelo que não creio ou tenho:
suturo cortes que atravessam
o pensamento
mas nenhum instante
é tão cinzento
quanto o que se faz lastro
perante meu fim

dia e noite; monstro;
sábado e feriado, monstro;
pátria sem bandeira, denso;
cor de madrugada, traço!

eu, mil vezes frente a mim mesmo:
deus de passatempo,
palácio de areia firme
lutando contra o vento, 
náufrago da cidade 
que nega esmola ou
alento.


paulorobertoandel11012012